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Mostrando postagens de 2017

Questionar para aprender

José Moran Educador e pesquisador de projetos de transformação das Pessoas, Escolas e Universidades www2.eca.usp.br/moran moran10@gmail.com Para aprender de verdade precisamos permitir-nos fazer perguntas desafiadoras, buscar respostas incompletas, rever sínteses consolidadas, aprender com os erros e ir refazendo continuamente nossas perguntas. Cada pessoa pode ser cada vez mais criativa, empreendedora, realizadora. Por que a maioria não chega lá? Muitos tivemos uma educação familiar e escolar que nos ensinou a obedecer, a repetir, a não questionar. Se temos modelos conformistas tendemos a copiá-los, a espelhar-nos neles. Muitas pessoas aprendem pouco, o básico: vivem no piloto automático, repetindo os mesmos gestos e rotinas, distraídos nas redes sociais, sem tempo para rever, questionar-se, meditar. Isso dificulta uma percepção mais profunda, uma reavaliação mais objetiva e tomadas de decisão adequadas. Quem vive em ambientes mais fechados, com visões de m

Mensagem aos professores inquietos

Educador e pesquisador de projetos de inovação www2.eca.usp.br/moran Converso com professores inquietos, curiosos, que se sentem sozinhos, com pouco apoio, no meio de estruturas burocráticas, convivendo com colegas acomodados e críticos; professores que procuram tornar suas aulas mais interessantes, atraentes, ativas para os alunos. E o fazem – muitas vezes -  com infraestrutura falha e pouco reconhecimento. Sentem-se, com frequência, sozinhos e perguntam: Vale a pena persistir?  Para que continuar? Não é melhor “tocar o barco”, dar uma aula básica e deixar de inventar moda?. Sem dúvida dá mais trabalho planejar aulas com metodologias ativas do que da forma convencional. Vivi essa situação e o dilema de acomodar-me ou tentar algo diferente em uma etapa intermediária da minha vida. Estava insatisfeito com as aulas, com os alunos, comigo mesmo. Fiquei na dúvida de se valia a pena continuar ou desistir. Decidi mudar a forma de ensinar, tentar conversar mais com os alunos, a

Por que avançamos tão devagar na Educação?

José Moran Educador e pesquisador de projetos de inovação www2.eca.usp.br/moran Há uma pressão enorme por mudanças na educação em todos os níveis. Estamos de acordo em que precisamos ensinar e aprender de forma mais criativa, personalizada, por experimentação e design. Encontramos algumas escolas e universidade diferenciadas, com propostas pedagógicas muito interessantes. Mas a maioria vai mais devagar do que desejaria. Por que temos tantas dificuldades em transformar a educação? Há condições estruturais que dificultam a mudança e que são essenciais para uma transformação mais consistente, sistemática na educação do pais: não conseguimos atrair com os baixos salários e valorização profissional os melhores gestores e docentes possíveis. Nossas políticas públicas não têm continuidade e consistência, excesso de burocracia, visão mercantilista em diversos grupos privados, cultura tradicional de boa parte da sociedade, incluindo os alunos. São inúmeros os fatores que explic

A importância de construir Projetos de Vida na Educação

José Moran Educador e pesquisador de projetos de inovação www2.eca.usp.br/moran moran10@gmail.com Num mundo multicultural, permanentemente conectado e em profunda transformação, faz todo sentido a educação baseada em valores, desenvolvimento de competências e aprendizagem por projetos, integrados no Projeto de Vida. O projeto ou plano de vida representa o que o indivíduo quer ser e o que ele vai fazer em certos momentos de sua vida, bem como as possibilidades de alcançá-lo. Projeto de vida, num sentido amplo, é tornar conscientes e avaliar nossas trilhas de aprendizagem, nossos valores, competências e dificuldades e também os caminhos mais promissores para o desenvolvimento em todas as dimensões. É um exercício constante de tornar visível, na nossa linha do tempo, nossas descobertas, valores, escolhas, perdas e também desafios futuros, aumentando nossa percepção, aprendendo com os erros e projetando novos cenários de curto e médio prazo. É um roteiro aberto de autoapre

Transformando profundamente a formação dos professores

José Moran Educador e pesquisador de projetos de inovação As escolas precisam mudar profundamente; a formação dos professores, também. Muitos cursos de Pedagogia e Licenciatura – presenciais e a distância - são burocráticos, conteudistas e pouco inovadores. Nestes cursos especificamente temos, atualmente no Brasil, mais alunos estudando a distância (perto dos quinhentos mil) do que presenciais, com modelos ainda muito básicos: vídeos, textos, quizzes e poucas práticas reais e contato com novas experiências, metodologias, vivências e projetos reais. O mesmo acontece com a maioria dos cursos presenciais. Uma questão complexa é que a maior parte dos alunos vem de uma educação básica deficiente, com deficiências cognitivas importantes e pouca autonomia intelectual. Conversei recentemente com os alunos e a Coordenadora de Pedagogia da Uniamérica, em Foz de Iguaçu. Trabalham desde o primeiro ano com metodologias ativas, ensino híbrido, aula invertida, projetos reais, intensa cola

Como transformar nossas escolas

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Novas formas de ensinar a alunos sempre conectados José Moran* Pagamos um alto preço social pela educação deficiente Pagamos um preço muito alto como sociedade por uma educação deficiente: milhões de pessoas não desenvolvem suas competências básicas, sua autonomia, vivem vidas pouco produtivas e realizadoras. A educação demorou a chegar aos mais pobres e ainda é frágil para a maioria nas questões mais importantes: poucos sabem interpretar textos complexos, fazer contas, pensar pela pr cabeça, ir além do que veem na televisão. Temos uma dívida social de séculos de pouca preocupação com a aprendizagem de qualidade da maior parte da população. A educação de qualidade, além de ensinar a pensar, pode ensinar a viver. Em muitos casos, a escola não está conseguindo ajudar a pensar críti- * Doutor em Comunicação pela USP, professor de Novas Tecnologias na mesma universidade e um dos fundadores do Projeto Escola do Futuro. É mentor de cursos e projetos híbridos e online