Mensagem aos professores inquietos
Educador e pesquisador de projetos de
inovação
Converso com professores
inquietos, curiosos, que se sentem sozinhos, com pouco apoio, no meio de
estruturas burocráticas, convivendo com colegas acomodados e críticos; professores
que procuram tornar suas aulas mais interessantes, atraentes, ativas para os
alunos. E o fazem – muitas vezes - com
infraestrutura falha e pouco reconhecimento.
Sentem-se, com frequência, sozinhos
e perguntam: Vale a pena persistir? Para
que continuar? Não é melhor “tocar o barco”, dar uma aula básica e deixar de
inventar moda?. Sem dúvida dá mais trabalho planejar aulas com metodologias
ativas do que da forma convencional.
Vivi essa situação e o dilema de
acomodar-me ou tentar algo diferente em uma etapa intermediária da minha vida. Estava
insatisfeito com as aulas, com os alunos, comigo mesmo. Fiquei na dúvida de se valia
a pena continuar ou desistir. Decidi mudar a forma de ensinar, tentar conversar
mais com os alunos, alternar a sala de aula com outros espaços (laboratório,
espaços digitais). Busquei dialogar mais com os estudantes, conhece-los melhor,
buscar consensos nos projetos, diversificar as atividades, utilizar as tecnologias
disponíveis. Isso abriu horizontes diferentes, trouxe outro dinamismo para a
relação pedagógica e principalmente para a minha motivação interna. Percebi que
fazia sentido dedicar mais tempo ao planejamento, acompanhamento e avaliação.
Não obrigava os alunos a ficar na aula na universidade (podiam desenvolver as
atividades previstas por sua conta). Isso estimulou minha criatividade para
promover aprendizagens relevantes. Experimentei
formatos semipresenciais ou híbridos. Fomos nos motivando mutuamente: Eles se
engajaram mais e eu também. O processo fluiu melhor e os resultados também.
Decidi que valia a pena continuar sendo docente e minha vida melhorou sensivelmente
a partir de então.
O importante da experimentação é
que nos mobiliza para novos desafios, nos abre novas possibilidades e nos torna
capazes de ousar sempre mais. Essa atitude amplia nossos horizontes em outras
dimensões da vida, além das escolares, nos põe em contato com colegas que estão
em processos semelhantes e nos “empodera” e realiza de forma crescente.
Se você é inquieto, não desista
de tentar experimentar, mudar, evoluir, mesmo que nem todos compreendam seu
trabalho imediatamente. Isso é bom para os alunos, mas é ótimo constatar o
desenvolvimento de um percurso que faz sentido, é gratificante e realizador.
Apesar de sobrados motivos para o
desânimo pelas deficiências na educação pública e privada – apesar de alguns avanços
– é importante não desistir dos nossos sonhos, procurar fazer um trabalho digno
e coerente, contribuir para transformar nossas aulas em atividades
interessantes, envolver colegas em projetos interdisciplinares e buscar também
espaços onde nossa criatividade encontre apoio na gestão para, quando possível,
participar de projetos institucionais inovadores. A experiência hoje com atividades
inovadoras que nos são possíveis nos capacitará para participar amanhã de
grandes projetos mais desafiadores, que estão se desenhando e que se tornarão
mais numerosos e visíveis nos próximos anos.
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