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Mostrando postagens de 2014

Eu tenho um sonho

Eu tenho um sonho de que mais pessoas consigam aprender a viver, desenvolvendo todo o seu potencial, construindo vidas que valham a pena, sendo mais livres e realizadas. Eu tenho um sonho de que mais pessoas percebam que ser honestas traz mais benefícios do que “levar vantagem”; que compartilhar realiza mais do que possuir; que a solidariedade enriquece muito mais do que o egoísmo; que a simplicidade em tudo é muito mais gratificante do que o consumismo. Eu tenho um sonho de que mais crianças cresçam em ambientes familiares e escolares acolhedores e estimulantes, onde consigam enfrentar desafios com criatividade e desenvolver todo o seu potencial intelectual, emocional e social. Eu tenho um sonho de que todas as pessoas percebam que têm condições de serem mais livres, de ter expectativas mais altas e de realizar-se melhor em todas as dimensões. Esse sonho é possível e depende de cada um de nós.

Só tecnologia não basta (Entrevista)

POR PAOLA GENTILE Nascido em Vigo, na Espanha, mas naturalizado brasileiro, o filósofo e educador José Manuel Moran foi professor de Novas Tecnologias da Universidade de São Paulo (USP) e um dos fundadores da Escola do Futuro, em 1989, hoje um departamento ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa da universidade (PRP-USP). Desde essa época, já se sabia que era inevitável a entrada na escola do computador e demais recursos decorrentes da informatização e do mundo globalizado e que revolucionaria os processos de ensino e aprendizagem. Por isso, não somente a universidade, mas também outros centros de formação e pesquisa investiram na criação e avaliação de estratégias educacionais mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação – as chamadas TICs. Muito se projetou, sonhou e discutiu, porém pouca coisa mudou. Faltaram dois pontos essenciais: transformar a cultura escolar e preparar os professores para trabalhar com as novas ferramentas. Algumas escolas adquiriram equipamentos sofi

Texto sobre minha trajetória como pesquisador

Para quem quiser conhecer minha trajetória como pesquisador e professor, acaba de ser publicado um texto, elaborado pela Professora  Maria Luiza Cardinale Baptista , da Universidade Caxias do Sul, ex-aluna de doutorado. A publicado saiu na Coleção Fortuna Crítica da Intercom – Visionários. Vol. 5 –  Osvando J. de Morais, Iury Parente Aragão, Roseméri Laurindo, Tyciane Cronemberger Viana Vaz (Orgs.). São Paulo, Intercom, 2014, pag. 93-117. O texto está aqui  Educador humanista inovador e também está está disponível em http://www.portcom.intercom.org.br/ebooks/arquivos/0f82c4eaffb111ceba3afaf88a62a8ea.pdf

Autonomia e colaboração em um mundo digital

A aprendizagem acontece no movimento fluido, constante e intenso entre a comunicação grupal e a pessoal, entre a colaboração com pessoas motivadas e o diálogo de cada pessoa consigo mesma. A comunicação pessoal e a grupal são componentes interligados e inseparáveis no processo de aprender continuamente, mais profundamente num mundo cada vez mais complexo e imprevisível. A sociedade é cada vez mais dinâmica e as interconexões também. Tudo está interligado, aprendemos continuamente uns com os outros, juntos fisicamente ou conectados, com diferentes grupos com os que nos relacionamos. A aprendizagem contínua, ao longo da vida e em múltiplos grupos e redes – físicas e digitais – é uma das características marcantes da atualidade.  As múltiplas formas de colaboração, hoje, entre pessoas próximas e conectadas, com dispositivos móveis, possibilita a aceleração da aprendizagem individual, grupal e social, pelas múltiplas articulações, interligações, desdobramentos, em todos os campos, ativ

Novos modelos de sala de aula

A sala de aula tradicional é asfixiante para todos, principalmente para os mais novos. Está trazendo pressões insuportáveis para todos: Crianças e jovens insatisfeitos, professores estressados e doentes, porque há questões mais profundas que exigem novos projetos pedagógicos. Insistimos num modelo ultrapassado, centralizador, autoritário com professores mal pagos e mal preparados para ensinar um conjunto de assuntos, que os destinatários – os alunos – não valorizam. Se não mudarmos o rumo rapidamente, caminhamos para tornar a escola pouco interessante, relevante, só certificadora. Não basta aumentar o número de horas na escola (período integral) se mantivermos uma estrutura fragmentada de ensinar cada assunto, matéria, área de conhecimento. Quando insistimos em melhorar os processos sem mudar o modelo convencional, ele não nos serve para um mundo que exige pessoas muito mais competentes em lidar com a mudança, com a complexidade, com a convivência em projetos diferentes e com pess

Construindo novas narrativas significativas na vida e na educação

Passamos, em duas décadas, de consumidores da grande mídia para “prosumidores”  – produtores e consumidores- de múltiplas mídias, de múltiplas plataformas e formatos para acessar informações, publicar nossas histórias, sentimentos,reflexões e nossa visão de mundo. Somos o que escrevemos, o que postamos, o que “curtimos”. Neles expressamos nossa caminhada, valores, visão de mundo, nossos sonhos e limitações.  Construímos nossas histórias pessoais, nossos projetos de vida num rico fluir de passagens e linguagens entre os diversos espaços físicos e digitais, que se entrecruzam, superpõem e integram incessantemente. Na escola não valorizamos devidamente o saber construído pelos alunos, que se visibiliza nas narrativas fluidas de múltiplos conhecimentos, práticas, individuais e em redes. Um currículo aberto com metodologias ativas, mediação de professores competentes e tecnologias digitais, pode transformar a educação formal em aprendizagem viva, integradora, descobridora de novos

Mudanças necessárias na eucação, hoje

O desafio fundamental da escola, para acompanhar as mudanças do mundo, é evoluir para ser mais relevante e conseguir que todos aprendam de forma competente a conhecer, a construir seus projetos de vida e a conviver com os demais. Os processos de organizar o currículo, as metodologias, os tempos e os espaços precisam ser revistos. Isso é complexo, necessário e um pouco assustador, porque não temos modelos prévios bem sucedidos para aprender de forma flexível numa sociedade altamente conectada.  Em educação – em um período de tantas mudanças e incertezas - não devemos ser xiitas e defender um único modelo, proposta, caminho. Trabalhar com modelos flexíveis com desafios, com projetos reais, com jogos e com informação contextualizada, equilibrando colaboração com a personalização é o caminho mais significativo hoje, mas pode ser planejado e desenvolvido de várias formas e em contextos diferentes. Podemos ensinar por problemas e projetos num modelo disciplinar e em modelos sem discip

Uma lenta evolução - Entrevista José Moran

A educação hoje precisa equilibrar o contato físico e o virtual, as atividades lúdicas com as estruturadas, as mais exploratórias com as mais focadas Entrevista com José Moran sobre as mudanças na educação com apoio das tecnologias, publicada no Guia de Educação a Distância 2015, ano 12, nº 12, disponível em http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/evolucao.pdf

Cinco vídeos e questões-chave para uma aprendizagem baseada em projetos

  Tradução e adaptação de  José Moran     Cinco vídeos interessantes, com experiências e questões para desenvolver projetos de aprendizagem com os alunos, em escolas norte-americanas de educação básica. Estão no canal Edutopia e podem ser acessados com legendas em português no YouTube (ativando-as no retângulo branco, na barra inferior).  www.edutopia.org/video/five-keys-rigorous-project-based-learning e   http://alvaropascualsanz.wordpress.com/category/aprendizaje-basado-en-proyectos/ Vídeo 1.      ESTABELECER CONEXÕES DOS PROJETOS COM O MUNDO REAL https://www.youtube.com/watch?v=hnzCGNnU_WM Começar com uma questão motivadora, sobre um problema real e próximo,  que permita aos estudantes percorrer caminhos diferentes para explorá-la e solucioná-la. Facilitar que os alunos entrem em contato com a comunidade, investiguem suas necessidades ou problemas, interajam com pessoas e profissionais diferentes, que possam contribuir com

Pessoas que evoluem com as dificuldades

Conheço pessoas que passaram por muitas dificuldades e saíram delas mais fortalecidas. Conheço outras que, diante das mesmas dificuldades, desanimaram, fugiram, desistiram ou se acomodaram. Há pessoas lutadoras, proativas, que procuram avançar nas circunstâncias mais adversas, nos fracassos, perdas, traições. Enquanto outras se perdem, se frustram, não reagem, fogem. Uns lutam, outros desistem; uns tentam novos caminhos, outros procuram pretextos e culpados. Cada pessoa tem sua história, circunstâncias, influências, valores e razões. Mas, objetivamente, são mais as que desistem que as que persistem; as que se acomodam que as que empreendem, arriscam, evoluem. É difícil compreender e prever por que as mesmas circunstâncias provocam reações tão diferentes, por que as mesmas informações são trabalhadas de formas tão diversas, por que o que para uns é um desafio que os estimula, para outros é um obstáculo que os imobiliza. Quanto mais avançamos em idade, mais visíveis se t

Relacionamentos com vínculos superficiais ou profundos

  Os nossos relacionamentos vão se construindo com o tempo, em camadas cada vez mais profundas, que exigem níveis de troca, de diálogo e acertos cada vez mais delicados, na construção de vínculos progressivamente mais complexos. Numa comparação simples, assemelham-se ao descascar   de uma cebola: começamos pelas folhas mais externas e visíveis, mas as consolidamos - ou não -   nas mais internas e profundas.   No começo de um relacionamento desejamos, percebemos, valorizamos e interagimos com as camadas mais externas do outro: a sua aparência, cada pedaço do seu corpo, as ricas sensações sensoriais que recebemos e expressamos por todos os sentidos e linguagens, principalmente através do olhar, do ouvir e do tocar. Isso nos leva a um segundo nível de interação em camadas que misturam o sensorial e o emocional: paixão, prazer, o gosto de estar juntos, inebriados com a presença, o toque, o prazer intenso de estar com quem amamos, de compartilhar cada detalhe da vida e dos proje