Pessoas que evoluem com as dificuldades
Conheço pessoas que passaram por muitas dificuldades e saíram
delas mais fortalecidas. Conheço outras que, diante das mesmas dificuldades, desanimaram,
fugiram, desistiram ou se acomodaram.
Há pessoas lutadoras, proativas, que procuram avançar nas
circunstâncias mais adversas, nos fracassos, perdas, traições. Enquanto outras
se perdem, se frustram, não reagem, fogem. Uns lutam, outros desistem; uns
tentam novos caminhos, outros procuram pretextos e culpados.
Cada pessoa tem sua história, circunstâncias, influências,
valores e razões. Mas, objetivamente, são mais as que desistem que as que
persistem; as que se acomodam que as que empreendem, arriscam, evoluem.
É difícil compreender e prever por que as mesmas
circunstâncias provocam reações tão diferentes, por que as mesmas informações
são trabalhadas de formas tão diversas, por que o que para uns é um desafio que
os estimula, para outros é um obstáculo que os imobiliza.
Quanto mais avançamos em idade, mais visíveis se tornam as
diferenças nas atitudes diante da vida. Algumas pessoas idosas são
encantadoras, atraentes, proativas, cheias de vida e planos. Dá gosto conviver
com elas. Mesmo com dificuldades físicas, não se queixam, procuram não dar
trabalho, tentam ser independentes até o limite extremo. Infelizmente vemos
muitas outras que passam mais tempo se queixando do que vivendo; lamentando que
construindo, remoendo do que superando.
A velhice se constrói desde jovem. As atitudes profundas
diante da vida, diante de si mesmo e dos outros, nos ajudam a construir
percursos interessantes ou frustrantes. Não são as experiências que definem
como evoluímos, mas como as enfrentamos. Muitos jovens envelhecem rapidamente por
dentro, por uma visão imediatista, autocentrada de mundo. As pessoas mais
generosas, abertas e confiantes conseguem encontrar melhores respostas, superar
melhor os obstáculos, conviver com gente mais interessante e ter uma qualidade
de vida mais plena.
É decepcionante perceber quão grande é o número de pessoas que
não conseguem enxergar muito além do básico, que não desfrutam de experiências
ricas de convivência, de realização e plenitude em todas as dimensões.
Há pessoas que remoem mágoas por décadas, que não esquecem
nem perdoam, que cortam laços com pessoas íntimas e não reveem suas decisões.
Outras não se perdoam por alguns fracassos, perdas ou abandonos.
Todos temos as informações e os meios de superar obstáculos.
Mesmo nas circunstâncias mais complicadas, uns encontram forças para
superar-se, para reerguer-se, para fortalecer-se, enquanto outros, tudo é
difícil, complicado, intransponível. É triste constatar como se enredam em
teias complicadas que os envolvem, os atormentam, os asfixiam. Com o tempo se
conformam, entregam, desistem e perdem inúmeras chances de mudar.
A vida passa rápido, nos dá chances de aprender com o erro e
as dificuldades. Os que aprendem com eles, conseguem avançar mais e realizar-se
cada vez mais.
Ampliação do tema Aprendemos com as
dificuldades,
do meu livro Aprendendo a Viver, 6ª Ed. SP,
Paulinas, 2011, p. 23-24
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