Transformando profundamente a formação dos professores

José Moran

Educador e pesquisador de projetos de inovação

As escolas precisam mudar profundamente; a formação dos professores, também.

Muitos cursos de Pedagogia e Licenciatura – presenciais e a distância - são burocráticos, conteudistas e pouco inovadores. Nestes cursos especificamente temos, atualmente no Brasil, mais alunos estudando a distância (perto dos quinhentos mil) do que presenciais, com modelos ainda muito básicos: vídeos, textos, quizzes e poucas práticas reais e contato com novas experiências, metodologias, vivências e projetos reais. O mesmo acontece com a maioria dos cursos presenciais. Uma questão complexa é que a maior parte dos alunos vem de uma educação básica deficiente, com deficiências cognitivas importantes e pouca autonomia intelectual.

Conversei recentemente com os alunos e a Coordenadora de Pedagogia da Uniamérica, em Foz de Iguaçu. Trabalham desde o primeiro ano com metodologias ativas, ensino híbrido, aula invertida, projetos reais, intensa colaboração. Uma síntese da proposta está neste vídeo: www.youtube.com/watch?v=8RH1uC6qN-M&feature=youtu.be

É visível a maturidade que mostram para enfrentar desafios, desenvolver competências amplas, utilizar tecnologias digitais. Propostas como esta existem ainda pontualmente no Brasil e nos mostram caminhos para renovar nossos cursos de formação de professores.

Cursos presenciais e a distância precisam ser mais ousados, trabalhar com modelos híbridos, metodologias ativas, focados em projetos, intensa experimentação-reflexão e plataformas digitais adaptativas. Parte das atividades podem ser feitas online, parte em sala de aula e parte em espaços reais profissionais, desde o começo, não só no Estágio, ao final. Os futuros professores aprendem melhor colocando-se no lugar dos seus futuros alunos, experimentando agora as técnicas que utilizarão como docentes mais tarde.

Os docentes em serviço também precisam de atualização constante, de oficinas práticas de metodologias ativas, de domínio das competências digitais. Temos muitas iniciativas de formação híbrida e online que podem auxiliar nesta transformação.

São muitos os desafios numa época de intensa crise política, econômica e moral. Desafios são oportunidades de transformar nossa forma de ensinar, de propor alternativas diferenciadas, de ousar e fazer melhor com menos recursos. É possível, necessário e vale a pena.