Aprendendo com pessoas inspiradoras

 Convivi e convivo com muitas pessoas diferentes, ao longo da vida. Entre tantas, muitas me sensibilizam pela sua inteligência, afetividade e/ou empreendedorismo. São pessoas sábias, que impactam e inspiram.

Tive um professor de filosofia – Luciano Mendes de Almeida - que era muito inteligente e humano. Sempre tinha uma palavra de carinho, de incentivo, um olhar afetuoso. Conversava com todos, ricos e pobres. Era procurado por pessoas simples. Ele as recebia com toda a atenção possível. Depois foi promovido a bispo e seguiu cuidando de todos, principalmente dos mais necessitados. Sua lembrança me traz gratidão e esperança. Ele me ensinou que a bondade é o grau supremo da aprendizagem e da evolução humana e, também, a necessidade do diálogo para resolver conflitos, para conciliar visões divergentes e construir uma sociedade mais inclusiva. Assim como ele conheci muitas pessoas sábias, que admiro pelas suas qualidades e realizações, principalmente pelo seu equilíbrio, afetividade e humildade.

As pessoas inspiradoras têm carisma, humanismo, experiência e credibilidade.  Sua presença é iluminadora; suas palavras e ações transmitem confiança e esperança e nos motivam a tornar-nos melhores. Tem sábios com grande renome e visibilidade social e sábios mais escondidos e quase anônimos. Todos eles são mestres e mentores importantes para a nossa evolução pessoal e profissional.

O conceito de “pessoas inspiradoras” é bastante subjetivo, diferenciado e mutável: Depende da visão de mundo de cada um, dos seus valores e contexto (cultural, histórico...). Muitos são ídolos, famosos que atraem multidões de seguidores: artistas, jogadores, influencers... Sem dúvida, são fonte de inspiração para seus fãs, como modelos ideais de desejo de sucesso. Mas aqui falo mais especificamente, como educador e pai, de pessoas que transmitem uma rica experiência de vida, que são humanas, sábias, equilibradas e honestas.  Não são perfeitas, têm suas falhas, mas, no todo, as qualidades superam, em muito, seus defeitos.

Vivemos em um mundo que valoriza excessivamente o sucesso, a riqueza, o poder. Muitos se deixam fascinar pelo glamour das fotos e vídeos postados pelos ídolos no Instagram e em outras redes sociais - alguns com milhões de seguidores - que geralmente vendem produtos, lugares paradisíacos, corpos perfeitos. Alguns modelos inspiradores às vezes se revelam inconsistentes: de longe, entusiasmam; de perto, decepcionam. São falsos brilhantes, mais marketing do que realidade; com discurso poderoso e prática, contraditória. É importante, como contraponto, valorizar pessoas mais sábias, amadurecidas e éticas. Elas são exemplos de vida, referências importantes para iluminar nossa forma de pensar, de tomar decisões, de viver.

Cada ser humano tem seu valor e importância; mas muitos - por diversas razões - não conseguem desenvolver seu potencial, ficam presos em crenças limitadoras, sem ânimo nem instrumentos para evoluir. Cada pessoa pode ser fonte de inspiração para alguns ou para muitos. Quem evolui, avança e se desenvolve, começa a chamar a atenção, a ampliar o seu círculo de impacto e tornar-se mais visível para os demais. O movimento é múltiplo e diversificado: cada um tem seu grupo de admiradores e o grupo que ele admira. Ser inspirador não é uma meta, mas a consequência de um percurso bonito de vida, com crescente protagonismo e realizações.

Nas viagens e pelas redes sociais, tenho recebido manifestações de carinho e agradecimento pela sintonia que muitos de vocês encontram em alguns textos e vídeos meus disponíveis. Fico comovido e feliz por poder ser útil. E continuarei escrevendo e falando o que considero relevante para que persistam na jornada de tornar-se, dia a dia, pessoas mais interessantes, relevantes e realizadas.

José Moran - Professor, escritor e pesquisador de projetos educacionais inovadores

Autor do blog Educação Transformadora - www2.eca.usp.br/moran


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