Algumas dicas para a aprendizagem baseada em projetos
José Moran
Na aprendizagem por projetos os alunos devem resolver situações, desafios ou responder algumas questões ou problemas através de seus conhecimentos, recursos, pesquisas, reflexões e colaboração.
No
planejamento dos projetos, algumas perguntas iniciais que podem ajudar:
O QUE FAZER? -
Levantamento de várias propostas diferentes. Escola de uma mais significativa.
PARA QUE? - Que
problema pode ser resolvido: Seus objetivos e contextualização
PARA QUEM? – A quem beneficia o projeto.
COM QUEM? – Quem vai participar e de que forma
ONDE? - Espaços
físicos e digitais onde as atividades serão realizadas.
QUANDO? - Período de planejamento,
execução e avaliação.
COMO? - Estratégias,
técnicas, tecnologias que vamos utilizar e custos.
AVALIAÇÃO: Diagnóstica, acompanhamento e avaliação final.
Algumas dicas:
· Sempre que possível, parta do interesse dos estudantes, de
uma questão norteadora, de um problema real, de uma história e converse
bastante com eles para que encontrem motivação, relevância e significado. Crie
estratégias para valorizar o conhecimento prévio dos estudantes. Eles aprendem de múltiplas formas,
estão em níveis diferentes de desenvolvimento de competências e isso interfere
no seu engajamento.
· Foque em projetos que abram a escola para a comunidade, que
envolvam as famílias e que ampliem os espaços físicos e digitais.
· Planeje adequadamente o projeto. O
brainstorming é importante, assim como pensar em várias possíveis propostas até
escolher uma. Com crianças pequenas, projetos curtos, lúdicos. Aumente
gradativamente a complexidade e profundidade da investigação e proposta de
soluções. Com estudantes jovens dê ênfase à metodologia do design.
· Procure que os grupos se organizem
para desempenhar papéis (coordenador, relator, entrevistador,
cronometrista....) e que haja um rodízio desses papéis nos próximos projetos. As regras devem ser claras, mas flexíveis.
· Crie e discuta as formas de avaliação
dos projetos. Os critérios de avaliação do projeto devem ser claros,
explícitos, públicos, consensuados e compartilhados com toda a comunidade
educativa. As formas de avaliação mais interessantes hoje são a diagnóstica
(feedback constante e imediato), rubricas (graus de domínio), e-portfólio
(registro da evolução do projeto), avalição por pares (como cada colega
participou) e autoavaliação (como cada um se percebeu).
· Traga as demandas do entorno da
Escola ou IES, das organizações. Se você é gestor incentive e organize um banco
de projetos da comunidade, selecionados pelos coordenadores, docentes e alunos
para serem resolvidos de forma integrada e transversal.
· Comece simples e aumente a
complexidade gradualmente. No início desenhe pequenos projetos em sala de aula
de curta duração, em sua área de conhecimento, depois projetos mais duradouros
ou intensos (hackatons), para mais tarde avançar para projetos integradores
e transversais, em conjunto com outros docentes. A combinação de projetos
interdisciplinares com o conceito de aprendizagem-serviço, com apoio de
recursos digitais, é um caminho fantástico para engajar os estudantes no
conhecimento, vivência e transformação de um mundo complexo e em rápida
transformação.
· Incentive a participação de mentores externos que possam
coorientar alguns projetos. Muitos profissionais estão dispostos a oferecer
essa mentoria de forma gratuita, principalmente para a escola pública. Esses
projetos são apresentados quando finalizados para a comunidade, principalmente
para os grupos e organizações que os solicitaram.
· Podemos combinar na aprendizagem por projetos tempos e
espaços individuais e grupais, presenciais e digitais, com maior ou menor
supervisão. Aprendemos melhor quando conseguimos combinar três processos de
forma equilibrada: a aprendizagem personalizada (em que cada um pode aprender o
básico por si mesmo e ter mais alternativas - aprendizagem prévia, aula
invertida); a aprendizagem com diferentes grupos (aprendizagem entre pares, em
redes) e a aprendizagem mediada por pessoas mais experientes (professores,
orientadores, mentores).
· Estamos caminhando para uma escola e um currículo por
projetos e competências. Cada escola ou organização se encontra mais ou menos
avançada na inserção de projetos na sua proposta pedagógica. O importante é, a
partir de um diagnóstico realista, propor caminhos que viabilizem mudanças de
curto e longo prazo com metodologias ativas e projetos cada vez mais
integradores.
· O
projeto principal da educação é ajudar a transformar nossas vidas em um
processo contínuo de aprendizagem e evolução em todas as dimensões. O Projeto
de Vida é um caminho importante para que crianças, jovens e todas as pessoas encontrem
relevância, sentido e propósito – num clima de confiança, acolhimento e
colaboração - em tudo o que aprendem formal e informalmente ao longo de sua
jornada.
Texto de José Moran, publicado no Dreamshaper – Ensino por Projeto. Formando profissionais do
futuro - https://dreamshaper.com/br/ebook-ensino-por-projeto-formando-profissionais-do-futuro/
Comentários
Abraços. Moran.