Pensar grande na Educação
Educador e pesquisador de processos de
transformação
das Pessoas, das Escolas e Universidades
moran10@gmail.com Blog Educação Transformadora
das Pessoas, das Escolas e Universidades
moran10@gmail.com Blog Educação Transformadora
Em Educação temos que pensar grande. A Educação – que começa
na família, passa pela Escola e inclui toda a sociedade- precisa transformar-se
muito mais do que o está fazendo, ser mais ousada, arriscar mais, trazer
maiores desafios, sair da previsibilidade e dos modelos engessados. Muitas
escolas e universidades são burocráticas, previsíveis, certinhas, quando
deveriam ser empreendedoras, criativas, desafiadoras.
Nosso trabalho como educadores é contribuir por todos os
meios para que todos os estudantes - cada um do jeito e no ritmo possíveis -
desenvolvam seu potencial, suas competências pessoais, sociais e éticas e
possam construir uma vida com propósito e contribuir para termos uma sociedade
mais justa.
Apesar de inúmeros avanços e esforços de milhares de Escolas
e Universidades constatamos que ainda falta muito para termos uma educação
transformadora, que motive os estudantes e os prepare para grandes projetos e
realizações.
Nossos estudantes adoram ir para nossas escolas? Realizam
projetos empolgantes? Evoluem em todas as dimensões? Nossos docentes vão para
as aulas com vibração, inspiram os estudantes, os estimulam, desafiam sempre?
A educação custa muito de toda a sociedade (tempo, dinheiro,
investimentos) para obter resultados tão deficientes, no conjunto. É
inconcebível que a maioria dos jovens que passaram no mínimo 12 anos da sua
vida em salas de aula não goste de aprender, só estude por obrigação e não saia
preparado para empreender, criar, contribuir, fazer melhores escolhas. Estamos
falhando no essencial, quando os estudantes não aprendem de verdade, não se
desenvolvem como pessoas, não percebem valor no que fazem na Escola, na
Universidade e na vida.
Há condições
estruturais que dificultam a mudança e que são essenciais para uma
transformação mais consistente, sistemática na educação do pais: não
conseguimos atrair com os baixos salários e valorização profissional os
melhores gestores e docentes possíveis. Nossas políticas públicas não têm
continuidade e consistência, excesso de burocracia, visão mercantilista em
diversos grupos privados, cultura tradicional de boa parte da sociedade,
incluindo os alunos.
Melhorar a Educação é uma utopia complexa, difícil, mas
necessária.
Há visões muito diferentes de mundo e de sociedade, que se refletem nos
projetos educacionais. Há escolas mais rígidas ou mais flexíveis, mais
centradas na autoridade ou mais democráticas; escolas com valores sustentáveis
e inclusivos ou mais excludentes; mais conteudistas ou mais centradas em
valores e competências; mais convencionais ou mais inovadoras.
Existem escolas e universidades interessantes, com projetos mais
avançados,
que atraem bons gestores, docentes e alunos; que redesenham os
espaços, o currículo, as metodologias e a avaliação. O número está aumentando, mas a grande
maioria precisa evoluir bastante.
Não é fácil transformar mentalidades, estruturas
consolidadas, culturas estabelecidas. Faz todo o sentido engajar-se em transformar
nossas escolas, universidades para que sejam criativas, ambientes ricos de
aprendizagem, onde todos gostem de ir, porque nelas acontecem projetos
fantásticos, experiências de vida inesquecíveis.
Há inúmeros problemas, deficiências, desafios enormes para
superar. Sabemos que não é uma tarefa de curto prazo nem de fácil
implementação. Sabemos que alguns só vem a Educação como negócio e
investimento. Mas a essência da educação é ajudar a transformar pessoas e,
quando isso não acontece, falhamos no principal.
Em Educação temos que pensar grande, não nos contentar com o
mínimo, evoluir sempre, construir ambientes, currículos, atividades
surpreendentes, processos desafiadores. Como sociedade precisamos oferecer as
melhores oportunidades – principalmente aos mais carentes - para que todos
possam crescer, evoluir, ser úteis, realizar-se.
Se melhoramos a formação de crianças e jovens, se eles
desenvolvem as competências básicas e a motivação para aprender, eles poderão
seguir evoluindo através das muitas oportunidades que a sociedade oferece de
aprendizagem informal, formal, presencial, online, em rede, em comunidades
diferentes. Crianças e jovens precisam encontrar em nós adultos
pessoas que gostam de aprender e que vivem - no meio de contradições e
incertezas - vidas interessantes e inspiradoras.
Temos desafios profundos e difíceis na educação básica e
superior, pública e privada: Atrair os melhores profissionais, capacitá-los
ativamente, remunerá-los bem, valorizá-los; redesenhar o currículo, os espaços,
integrar os tempos, as metodologias, as tecnologias; avaliar diferentemente.
É
um processo complexo, custoso e de longo prazo, que exigirá muito esforço,
colaboração e persistência. É fascinante porque todos estamos participando
dele, em todos os países, em todos os sistemas de ensino, o que oferece
inúmeras oportunidades para empreender na educação e de realizar-se
profissional e pessoalmente.
Prevalecerão as instituições que realmente apostem na
educação com projetos pedagógicos atualizados e flexíveis, com metodologias e
espaços atraentes, com materiais muito interessantes, plataformas adaptativas
inteligentes e especialmente com professores/tutores/mentores capazes de
orientar seus estudantes a prender sempre com alegria, com propósito e em todas
as dimensões da vida.
Texto disponível no blog da USP: http://www2.eca.usp.br/moran/wp-content/uploads/2013/12/grande.pdf
Comentários