Relacionamentos complicados e os que valem a pena

É comum ver os relacionamentos rompidos como fracasso. Mas podem transformar-se, com um pouco de atenção, em etapas muito ricas de aprendizagem afetiva. Um relacionamento frustrante pode servir de aprendizagem para outro mais pleno. Quando muito jovens, não estamos, em geral, prontos para conviver longamente com o outro. Confundimos paixão com amor, nos complicamos por situações insignificantes. Ainda estamos em construção em todos os campos, principalmente no emocional. “Muitas separações são fruto da preguiça”, afirma Contardo Calligaris. Muitos casais não cuidam dos detalhes, superdimensionam os problemas, não cedem o suficiente para chegar a acordos de vida satisfatórios; se agridem e magoam com facilidade.

Muitos passam a vida em relacionamentos complicados. Tentam sair, mas com muita dificuldade. É possível viver relacionamentos acomodados, sem vida, indefinidamente. Não é fácil se separar, principalmente com filhos e os de gerações mais antigas. Há muitas perdas econômicas, medos, culpas, insegurança sobre o futuro. É mais fácil permanecer no já conhecido, mesmo insatisfatório, do que arriscar no desconhecido. Parafraseando o Calligaris, muitos relacionamentos se mantêm também pela preguiça. Separar-se é arriscado.

Por que temos tantos problemas? Porque somos imaturos e esperamos que o outro nos complete, sem perceber que só estamos prontos para amar, quando temos autonomia, maturidade e capacidade de caminhar sozinhos. Quanto mais imaturos, mais corremos para apoiar-nos nos demais e mais contribuímos para a aceleração do fracasso.


Viver relacionamentos que valem a pena

Atraímos pessoas semelhantes ou complementares.
- Complementares, quando procuramos aquilo que nos falta: dominadores-dominados, autoritários-subordinados.

- Semelhantes: Quando encontramos pessoas com valores e visões de mundo próximos.

Pessoas que culpam os demais pelos seus problemas tendem a ficar sozinhas ou em relacionamentos complicados.

Pessoas difíceis e pouco flexíveis não conseguem relacionamentos verdadeiramente satisfatórios.

Pessoas neuróticas vivem relacionamentos neuróticos.

Pessoas interessantes atraem, em geral, pessoas interessantes.

Pessoas equilibradas atraem pessoas equilibradas.

Pessoas abertas atraem pessoas abertas.

Pessoas auto-centradas, egoístas, que não se colocam no lugar dos outros, costumam ter dificuldades em manter relacionamentos longos e realizadores.

Pessoas afetivas e equilibradas emocionalmente estão acompanhadas. As pessoas afetivas, acolhedoras atraem pessoas semelhantes e dificilmente ficam sozinhas por muito tempo. Geram ambientes de confiança e de apoio.




Aprendendo a amar de verdade

Quanto mais evoluídos formos, mais pessoas evoluídas se aproximarão de nós. Relacionamentos que perduram são aqueles baseados na confiança, no carinho, na amizade, na cumplicidade, no apoio incondicional e na atração física. Relacionamentos se constroem no dia a dia, na atenção constante aos pequenos detalhes, nas expressões continuadas de dedicação, elogios, afeto. Desavenças ocasionais precisam ser acertadas, diminuídas, distensionadas para que não envenenem silenciosamente o ambiente afetivo, para manter os canais de confiança abertos, para não gerar mágoas que gerem resistências e defesas exageradas.

Amar é cuidar, é gostar, é interagir em todos os níveis, em todos os momentos, mantendo o sentimento de intercâmbio profundo e de confiança plena.

É interessante observar o aumento de relacionamentos que se consolidam na maturidade, que conseguem realizar uma síntese rica entre o envolvimento sensorial, afetivo e o comunicacional. Se aprendemos com a vida, estaremos mais preparados para um relacionamento mais maduro, pleno e enriquecedor.

É lindo quando duas pessoas se amam de verdade, de forma madura, durante muito tempo. A vida ganha uma dimensão maravilhosa, ambos crescem como pessoas e como casal, sabem que podem contar um com o outro, enquanto a vida o permitir.

A vida é curta demais para desperdiçá-la em relacionamentos sem sentido. Não há garantia de que o próximo relacionamento seja pleno, mas se permanecemos no relacionamento vazio ou acomodado, sabemos que estamos perdendo tempo, energia e chances reais de realização.


Comentários

Niuza Eugênia disse…
Caro Prof. Moran,
Imagino que o Senhor é uma pessoa muito ocupada, mas não poderia deixar de indicar o seu blog para o prêmio ou selinho Dardos. Sou sua fã de carteirinha, sempre indico seus textos em minhas referências.

Clique aqui para entender o processo:
http://infoprofe2010.blogspot.com.br/2012/11/presente-de-nelza-jaqueline.html
Um grande abraço,
Niuza
fernandaduarte disse…
Professor Moran,

Adoro os seus textos sobre comunicação, tecnologia e educação, mas esse sobre relacionamentos me tocou fundo na alma, tamanha a sensibilidade e sabedoria de suas palavras.

Um grande abraço e continue nos inspirando.

Fernanda
Unknown disse…
gosto muito dos seus texto
Fábio Pereira disse…
Tive o imenso prazer de notar alguns detalheres sobre as complicações em uma relação, pude notar que em relacionamentos mais "ativos" se demonstra uma ocasião mais voraz para o relacionamento, notando-se o início de uma circulo que envolve novas etapas na vida.
Consegui entende entender até mesmo achar uma conclusão nos estudos que ando fazendo sobre relacionamentos amorosos. E, de etapa é mais fácil avaliar de fora de um relacionamento os valores pregados pela família.

https://principiosamorosos.blogspot.com/

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