Aprendendo e ensinando a ser livres

A pior forma de escravidão é a de sentir-nos prisioneiros de um horizonte estreito, fechado, medroso e desesperançador; sem acreditar que todos temos condições de mudar, que nossa vida pode ser muito mais interessante e que isso está ao alcance de cada um de nós. 

Vejo gente demais sofrendo demais por situações que podem ser superadas, mas que para elas são definitivas. Não percebem que podem levar uma vida diferente, acreditam num fatalismo imobilizador, sem chances reais de serem mais felizes e realizadas. Sonham todos os sonhos possíveis nas novelas, mimetizam os personagens de sucesso, mas sentem-se intimamente impotentes para fazerem mudanças profundas, a não ser pela sorte ou pelo reconhecimento social (ser visto, aparecer na TV) e se contentam com “ir tocando a vida como ela é”. Este país precisa de uma segunda libertação da escravidão: da escravidão das expectativas medíocres, de contentar-se com migalhas, de acreditar que só uns poucos privilegiados podem conseguir tudo, e de que só nos resta sonhar sonhos alheios, inalcançáveis num balão distante. 

Todos podemos aprender a nos construir como pessoas mais livres, abertas, humanas, alegres. Todos podemos ser pessoas mais interessantes, realizadas e produtivas. A educação precisa focar mais, junto com a competência intelectual, a construção de pessoas cada vez mais livres, evoluídas, independentes e responsáveis socialmente. Uma educação interessante, aberta e estimulante, que descortine novos horizontes profissionais, afetivos, sociais e favoreça escolhas mais significativas em todos os campos. Uma educação que ajude as pessoas a acreditarem em si, a buscar novos caminhos pessoais e profissionais, a lutar por uma sociedade mais justa, por menos exploração, a dar confiança a crianças e jovens para que se tornem adultos realizados, afetivos, inspiradores. 

Na escola que temos, aprendemos pouco e não aprendemos o principal: a sermos pessoas plenas, ricas, criativas e empreendedoras. Para isso precisamos aprender a ler, a compreender, a contar, a escolher uma profissão, mas precisamos fazê-lo de forma diferente a como o estamos fazendo até agora, insistindo na integração entre a dimensão intelectual, a emocional e a comportamental de uma forma criativa e inovadora. Vale a pena investir nas pessoas, na esperança de mudança, e oferecer-lhes instrumentos para que se sintam capazes de caminhar por si mesmas, de realizar atividades cada vez mais interessantes, complexas, desafiadoras e realizadoras. Essa é a educação que desejamos e que é plenamente viável. 

 Além de uma escola diferente, é importante realizar ações de educação continuada de todos, principalmente dos marginalizados, para que encontrem sentido nas suas vidas e motivação para querer sair de onde estão. A educação não acontece só na sala de aula, mas em todos os momentos e com todas as pessoas, na interação cotidiana, na forma como olhamos, conversamos, falamos, ouvimos, agimos. Os educadores nos sentimos meio perdidos e descrentes, diante de tantos desafios e condições profissionais pouco dignas. 

Se formos pessoas amadurecidas, equilibradas e otimistas nossos alunos encontrarão em nós motivos para também acreditarem em si, para avançar mais, para serem melhores. Agora é a chance de enxergar possibilidades imensas de mudança que se abrem a nossa frente. Vale a pena mudar, aprender de verdade, ajudar a quem está começando ou com mais dificuldades. Só assim construiremos um país melhor, como é o desejo profundo da grande maioria das pessoas. 

Comentários

Anônimo disse…
Cara professor Moran, comungo plenamente com os pensamentos expostos no seu magnífico texto. Esse país só se tornará, realmente, uma nação produtiva e progressista, quando todos entenderem a importância vital em desenvolvermos uma educação de qualidade e moderna. E que valorize o professor competente e qualificado.Parabéns pelo seu trabalho e por lutar sempre por uma educação de qualidade.

forte abraço

Caurosa
Caro professor Moran
Andava pela net à procura de artigos para uma educação mais humanista, a qual também eu defendo, quando me deparei com o seu blog.
Eu sou portuguesa, professora e escritora de livros infantis defendo a cem por cento a sua opinião.
Tal como você defende também eu acho que é numa educação pela paz, pelos valores, onde os professores e a família possam colaborar, onde as crianças possam desenvolver competências para se tornarem adultos solidários e progrssistas.
Muitos Parabéns pelo seu blog.
convido-o a visitar o meu:
www.vandafurtadomarques.blogspot.com
Unknown disse…
Professor Moran,
Encontro em seu texto inspiração para continuar a minha jornada na instituição em que trablaho atualmente. Não é fácil, tenho encontrado muita resistência por aqui. Entretanto, entre ameaças e tentativas frustradas de solapar a minha força e vontade,permaneço confiante e convicta de que a educação tem que ser diferente.
Um abraço,
Thamara
Nati Tiso disse…
Prof,que frescor ao ler seus textos. É disso que precisamos pra continuar acreditando - e praticando - mudanças e liberdade.

Parabéns pelas reflexões profundas em textos claros e sintéticos.
Me tornei sua seguidora!

Conheça meu blog: http://historiaporai.blogspot.com
Unknown disse…
profºMoran passeando pela net a procura de realiza um trabalho encontrei seu texto que é maravilhoso.parabens com seu trabalho. um abraço

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