O uso equilibrado da Inteligência Artificial na Educação
José Moran
Como a Inteligência artificial pode contribuir para a melhoria da Educação? É um tema complexo e polêmico, porque envolve visões de educação diferentes, plataformas digitais em evolução e realidades muito desiguais de acesso e domínio. Uns estão deslumbrados com a facilidade de criar conteúdo personalizado, de interação com tutores virtuais, de desenhar processos pedagógicos e gerenciais criativos; outros questionam o lado sombrio da IA: uma caixa preta, com vieses, preconceitos, que alucina, invade a privacidade, desvaloriza o papel do professor, aumenta a desigualdade...).
A IA impacta todo o ecossistema educacional. Mas
o faz de forma muito diferente, dependendo dos valores, objetivos e processos
de cada organização. Tanto pode ser uma grande aliada na
aprendizagem humanista, criativa, integral dos alunos, de competências para a
vida quanto pode servir para reforçar modelos pedagógicos conteudistas ou autoritários.
A IA tanto pode contribuir para uma educação transformadora como para uma
educação mais conservadora; com valores mais democráticos ou mais
individualistas. A IA pressiona por mudanças, mas se adapta aos diferentes projetos
de escola que existem, os reforça e amplia na direção buscada por cada instituição
e por cada participante. Favorece
que cada usuário desenvolva caminhos diferentes, dependendo da curiosidade,
motivação, competências desenvolvidas, interesses e persistência.
O impacto não será homogêneo, mas todas as instituições evoluirão, aprendendo umas com as outras, com projetos coincidentes em muitas dimensões, mas com ênfases diferentes, de acordo com os valores e públicos que atendam. No Ensino Superior o impacto será muito mais profundo
Como docente e pesquisador estou acompanhando atentamente
o que a IA consegue fazer, como pode ajudar na melhoria do ecossistema escolar (na
gestão, docência, aprendizagem, avaliação) e, também, conhecer os problemas e
desafios que ela traz para todos.
Interajo com frequência com várias plataformas
“inteligentes” sobre diversos assuntos. No
começo o processo era muito desigual, com momentos e insights interessantes, alternados
com resultados mais previsíveis e superficiais. À medida que refinei minhas
perguntas e as contextualizei mais, melhoraram muito as respostas. Estávamos
“aprendendo” juntos. Na prática conversacional para praticar inglês, cada vez o
“diálogo” (por voz, texto) flui melhor, é mais “natural”, produtivo e
“realista” com vozes masculinas e femininas. É um processo de acerto progressivo, de
calibragem contínua, de saber perguntar, aprofundar; o que exige conhecimento e
competências bem desenvolvidas.
Também é fácil criar vídeos ou podcasts a partir de descrições,
com bastante realismo e rapidez e resultados desiguais.
Descobri que é viável criar bases de dados
“inteligentes” com os materiais curados por cada professor, de forma que
“dialoguem” com os alunos, os ajudem nas dúvidas, orientem as atividades e na
avaliação.
Minha visão é de que podemos combinar o melhor das
competências humanas (empatia, criatividade, visão crítica e ética) com os
recursos digitais para apoiar docentes, gestores, alunos e famílias no caminho
de uma educação humanizadora, transformadora, que melhore o processo de ensino
e aprendizagem, apoiando os benefícios reais e questionando igualmente todas as
contradições.
Sabemos que há problemas estruturais no Brasil que tornam
este cenário muito distante de boa parte das escolas (acesso desigual, modelos
engessados, formação e competências digitais insuficientes de docentes e
alunos, condições precárias de trabalho, burocracia...). O digital não é um
luxo, é um direito, um componente essencial para a educação integral de todos, e
pode ser utilizado de forma criativa e equilibrada.
Como a IA pode ajudar?
A inteligência artificial pode ajudar a avançar a
escola na direção que ela quiser, de forma mais estrutural, se a escola estiver
em um movimento de transformação mais profundo ou mais conjuntural, se a escola
estiver fazendo adaptações e mudanças parciais. A escola mais criativa,
humanista e democrática utilizará a IA para evoluir mais no seu propósito. Não
é a IA que transforma a Escola; é a Escola que se transforma mais rapidamente,
na direção que quiser, com o apoio da IA.
Focando mais diretamente no âmbito mais pedagógico, a
IA pode ajudar os professores a ensinar de forma mais eficaz (aprendendo também
muito) e os alunos a aprender de forma mais eficiente, crítica e criativa. O professor é o grande designer, o motivador,
o mediador, o grande orientador e as tecnologias digitais podem ajudar muito no
planejamento das aulas, das metodologias, das atividades, na gestão do processo
de cada estudante, na avaliação. Podem também ajudar cada aluno nas suas
pesquisas, na compreensão dos diversos assuntos, no desenvolvimento de projetos
com colegas, nas simulações, na tutoria virtual e a seguir um caminho mais “personalizado”,
combinando as propostas do docente com seus próprios insights. O professor
competente, humano e criativo continua sendo fundamental; o aluno pode ser mais
protagonista e a dinâmica entre ambos – assim como na gestão - tende a ser mais
ampla, diversificada e complexa.
Assistentes virtuais impulsionados por IA começam a
ter um papel ativo importante para o apoio a estudantes e professores. Podem
oferecer suporte e orientação a ambos, em tempo real, “dialogar” com eles, dar
atenção personalizada, adaptar os níveis de dificuldade de cada estudante,
verificar o trabalho imediatamente, responder perguntas, indicar guias de
estudo, oferecer recursos, dialogar com cada aluno e professor, todos os dias,
a qualquer hora. Professores e alunos podem conhecer-se melhor, aprender juntos
de múltiplas formas.
Atualmente todos estamos utilizando as plataformas de
grandes empresas de inteligência geral como a Open AI (ChaptGPT), Google
(Gemini), Microsoft (Kopilot) e outras. Estamos na fase de lançamento de
plataformas com IA especificamente voltadas para a educação (como o ChatGPT EDU
para o Ensino Superior) e de adaptação das plataformas educacionais existentes
para incluir as novas funcionalidades da IA.
Cada rede de ensino começa a ter nas suas plataformas
digitais um uso mais intenso da IA para melhoria da gestão: Otimização de processos
e de recursos, gestão de pessoas, planejamento financeiro, análise de
resultados e de tendências, previsão de cenários, melhor comunicação com a
família e a sociedade e, principalmente, para aprimorar as formas de
ensinar e de aprender. As escolas isoladas também começam a utilizar a IA,
dentro das suas possibilidades financeiras.
Cada professor pode ter sua IA específica, com
todos os seus materiais - textos, vídeos, avaliações – e
“ele” dialoga virtualmente (voz, texto, imagem) com cada estudante, no seu
tempo, jeito e ritmo. E teremos também proximamente a IA de cada aluno, com seus
projetos, reflexões, portfólio dinâmico, que ajudará o professor a calibrar
melhor cada etapa para cada aluno e para os diferentes grupos. Por questões
financeiras e de prioridades, algumas destas funcionalidades começam de forma
mais simples e serão implementadas progressivamente.
Começa a ser viável que o aluno interaja com o
professor físico de forma também virtual - por texto, voz, vídeo - a qualquer
hora, de qualquer lugar, como se estivessem juntos naquele momento, com uma
sensação de proximidade bastante convincente. O aluno consegue
apoio para entender melhor conceitos complexos, tirar dúvidas, preparar-se para
os momentos presenciais (aula invertida). Alunos mais inquietos e criativos trarão
contribuições muito ricas para os demais colegas, podem desenvolver projetos
muito estimulantes, criando um portfólio adaptado ao seu jeito, ritmo e
necessidade, com a dupla mediação do professor e da IA.
A inteligência artificial na educação está ajudando
no desenho de caminhos de aprendizado personalizados para os alunos com
base em seus estilos individuais, ritmos e interesses, sob a supervisão de cada
professor. Ela se adapta e evolui conforme o aluno progride, eliminando a
abordagem única para todos. A IA também é usada para recomendar conteúdo
relevante para os alunos e para os professores (de acordo com o projeto
pedagógico de cada escola). Com base em seus interesses, nível de habilidade e
histórico de aprendizado, os sistemas de IA podem sugerir recursos, como
livros, vídeos ou cursos, que sejam mais adequados para eles. Podem identificar
lacunas de conhecimento em materiais existentes, recomendar melhorias e gerar
conteúdo adaptado a objetivos de aprendizagem específicos. A gestão do conteúdo
e a tutoria mais básica começam a ser bem visíveis no atual estágio de
desenvolvimento da IA.
A IA é muito útil para “personalizar” o processo de
aprendizagem, a aprendizagem de cada aluno no seu tempo, do seu jeito. Esse conceito
de personalização tem várias camadas. Começa no nível mais simples que é o
da individualização, que é o de ajustar o planejamento do professor ao
ritmo ao tempo de cada um, às situações concreta de cada um. A IA pode colaborar também na diferenciação,
que é o processo de ajustar o planejamento e as metodologias, estratégias
diferentes para cada um, para o grupo e para a classe (interação entre o
professor, a IA e cada aprendiz). Pode contribuir para a personalização,
numa visão mais abrangente, entendida como incentivo à participação efetiva
dos estudantes (na fala, nas escolhas de cada um). A personalização vai
muito além da individualização (ajustar o ritmo da aprendizagem), a
diferenciação (ajustar a metodologia) e a inclusão (eliminar as barreiras da
aprendizagem) e se propor a realizar a conexão da aprendizagem com os
interesses e experiencias do aprendiz. Em um ambiente de ensino personalizado o
ritmo de aprendizagem, os objetivos, os conteúdos, a metodologia e a avaliação podem
ser diferentes para os aprendizes[1].
A IA pode ajudar muito na individualização, na
diferenciação, na inclusão e na personalização ampla e participativa. Geralmente,
fala-se de personalização nos níveis mais básicos (muito importantes sem dúvida)
e menos, nos mais avançados. A IA (sistemas tutorias inteligentes) pode
analisar o perfil individual de cada aluno e identificar suas preferências,
como o ritmo e o estilo de aprendizagem mais eficientes. Com base nessas
informações, o professor e a IA podem adaptar o plano de ensino para aquele
estudante, proporcionando uma experiência educacional mais eficaz e engajadora.
A IA pode ser uma ferramenta de apoio importante – tanto para estudantes quanto
mestres – na busca de informações complementares e na curadoria dos conteúdos
disponíveis na internet, na compreensão de conceitos, aplicações práticas, fornecendo
dados avançados e acelerando o processo de pesquisa científica e produção de
trabalhos acadêmicos.
A personalização será mais significativa e profunda em
ambientes de confiança e acolhimento, em escolas humanistas e democráticas, que
eduquem de forma mais integral, focando as competências em todas as dimensões,
intelectuais, socioemocionais, para a vida.
A IA pode facilitar também a aprendizagem
colaborativa, integrando ferramentas avançadas de comunicação nas
plataformas educacionais. Os alunos podem se conectar com seus colegas e
professores, compartilhar ideias e colaborar em projetos de forma presencial e virtual.
A IA também avançou muito na tradução automática de idiomas em tempo real, o
que ajuda a quebrar barreiras linguísticas e torna o aprendizado mais global.[2]
A profundidade da colaboração não depende da IA, mas da abrangência da
integração dos projetos colaborativos no currículo (currículo por projetos,
projetos integradores ou projetos desenhados por cada professor dentro da sua
matéria).
Em síntese, A IA pode ajudar na elaboração de
experiências de aprendizagem criativas, personalizadas e adaptativas,
considerando ritmos, potencialidades e dificuldades dos estudantes; no
levantamento de ideias para aprimorar estratégias pedagógicas, facilitando a
identificação de fragilidades ou pontos de melhoria; na criação de rubricas e
outras propostas avaliativas; na elaboração de devolutivas construtivas para os
nossos alunos; na comunicação com as famílias e com os demais integrantes da
comunidade escolar[3].
Pode ajudar também na ampliação da autonomia de cada aprendiz, se este assim o
desejar.
Níveis de apoio da IA aos professores
Podemos
visualizar de outra forma diferentes graus de colaboração entre professores e as
plataformas de IA, que dependerão das decisões estratégicas institucionais e,
também, das escolhas específicas de cada docente.
Auxiliar: A IA pode automatizar tarefas
repetitivas e administrativas, como computar presenças e faltas, calcular
médias, agendar aulas em períodos otimizados e organizar materiais didáticos. O
foco está na eficiência, na otimização de resultados.
Suporte aos
professores A IA também é
usada para recomendar conteúdo relevante para os alunos e para os professores.
Com base em seus interesses, nível de habilidade e histórico de aprendizado, os
sistemas de IA podem sugerir recursos, como livros, vídeos ou cursos, que sejam
mais adequados para eles. Podem identificar lacunas de conhecimento em
materiais existentes, recomendar melhorias e gerar conteúdo adaptado a
objetivos de aprendizagem específicos. Através do aprendizado de máquina, a
tecnologia pode analisar o perfil individual de cada aluno e identificar suas
preferências, como o ritmo e o estilo de aprendizagem mais eficientes. Com base
nessas informações, cada professor pode adaptar e acompanhar o plano de ensino
para cada estudante, dialogar e interagir com cada um da forma mais conveniente.
As ferramentas
de Análise Preditiva da IA analisam dados em tempo real para identificar sinais
precoces de dificuldades acadêmicas. Ao monitorar interações e o desempenho dos
alunos, os educadores podem intervir proativamente, o que contribui para a melhoria
nas taxas de retenção e sucesso acadêmico.
Ferramentas
com IA podem oferecer suporte direcionado para alunos com
deficiência, como interpretação em linguagem de sinais em tempo
real, anotações automatizadas, conversão de texto para fala,
reconhecimento de imagens, no ritmo adequado para as necessidades de cada
estudante
Colaboração
mais intensa: A IA interage
mais ativamente com os professores (e também com os aprendizes), oferecendo
sugestões personalizadas para melhorar o ensino e a avaliação. Aqui, há uma aproximação
maior entre a tecnologia e o professor para criar um ambiente de aprendizado
mais adaptado às necessidades dos alunos.
A plataforma
Khan Academy criou o Khanmigo, como um tutor para “conversar” com os
estudantes, mas oferece também uma variedade de recursos para os professores,
como criar facilmente um plano de aula, cocriar rubricas de avaliação, resumir
as atividades da turma e as discussões. A plataforma faz uma análise abrangente
do trabalho dos alunos nos últimos sete dias, incluindo tempo de aprendizado,
dados de conclusão de tarefas e progresso no domínio do curso.[4] A
plataforma ajuda muito na aprendizagem por domínio, mas precisa de professores competentes
para desenhar atividades de aprendizagem mais profundas e diversificadas.
Autonomia com Supervisão: A IA assume um papel mais importante
conduzindo avaliações complexas e oferecendo feedback detalhado diretamente aos
alunos. Os professores monitoram e intervêm quando necessário para garantir a
equidade e a precisão. Eles dedicam mais tempo à interação com os alunos, ao
desenvolvimento de habilidades socioemocionais e à construção de um ambiente de
aprendizagem positivo e acolhedor. Esse nível de autonomia da IA pode aumentar
de acordo com o grau de maturidade dos alunos e do projeto mais ou menos
democrático das escolas[5].
Hoje já é possível e fácil criar cursos totalmente prontos com IA e com tutores
virtuais para a gestão individual e grupal (com multiagentes virtuais).
Na Educação
Básica os conteúdos (textos, áudios, vídeos) estão sendo gerados rapidamente com
o auxílio da IA pelas grandes plataformas e revisados por professores
especialistas e integrados no currículo oficial de cada escola, seguindo a BNCC,
com gestão mais ativa dos docentes. Os cursos autônomos com IA acontecerão - ao
menos no curto prazo - em algumas situações pontuais na Educação Básica (atividades
de apoio, reforço, alguns itinerários). Estarão mais presentes no Ensino
Superior, Corporativo e na Educação Continuada.
Algumas questões pontuais
Para aprender, é preciso ser curioso, proativo, saber perguntar,
ter conhecimento prévio sólido, competências críticas, discordar, reelaborar as
questões, checar as fontes. A IA
contribui para ampliar as formas de aprender, quando os alunos estão motivados.
Sem essa motivação, gosto e hábito, não tem IA que resolva. É preciso focar
nas “habilidades humanas”, como criatividade, comunicação e inovação, que podem
ser despertadas nas crianças ao aproximá-las das descobertas científicas. Muitos
se contentam com informações rasas, querem tudo pronto, se acomodam, não se
esforçam, não se aprofundam. Acessar facilmente não necessariamente se
transforma em aprendizagem significativa. Aprender depende de motivação,
competência e persistência. Não basta ter as melhores ferramentas disponíveis.
A escola com a IA precisa focar muito mais na pedagogia
da pergunta, em questionar, fornecer contextos, delimitar o que se busca,
saber avaliar cada resposta, propor novas perguntas, aplicá-las a situações
diferentes. E para isso precisamos de educadores que estimulem a pesquisa, a
curiosidade, a inquietação. É importante ensinar professores e alunos como
redigir prompts, frases com perguntas contextualizadas, com os parâmetros de
conteúdo, estilo desejados e a forma de entrega para grupos específicos.
Quanto mais avanços tecnológicos, mais importante
é a ênfase na Inteligência emocional, na inteligência ética (valores
fundamentais), na educação para uma vida mais plena. O forte de
muitas escolas confessionais, há muito tempo, é a ênfase na humanização,
acolhimento, nos valores pessoais e sociais, na busca de significado, no
engajamento em programas sociais, na sustentabilidade, na abertura para a
comunidade familiar e do entorno. Algumas escolas avançam na implementação de
projetos democráticos, de participação de toda a comunidade na tomada de
decisões, na discussão de soluções, acordos, combinados. A IA vai ampliar o
enfoque humanista, potencializando as competências para a vida
A IA não substituirá os professores no que eles
têm de melhor: a interação humana, a empatia, o apoio emocional e o ensino
criativo, que continuam sendo essenciais para uma educação de
qualidade. Precisam ser muito
competentes intelectual, emocional e digitalmente e também ter apoio e
condições de exercer a profissão dignamente. Seu papel é decisivo na formação
de crianças e jovens para que aprendam a pensar, questionar, comparar, a
desenvolver valores humanistas, democráticos e sustentáveis. Mas todos interagirão
cada vez mais com plataformas e aplicativos com Inteligência artificial para
continuar sendo relevantes neste mundo híbrido, fi-digital, tão desigual.
Temos consciência da desigualdade brutal em que
muitas escolas se encontram de acesso, condições e cultura de inovação. Também
há uma consciência maior de que a IA comete muitos erros, mostra vieses,
preconceitos, problemas de autoria e falhas na privacidade pessoal. As
plataformas e aplicativos com IA não são transparentes e suas aplicações no
mundo real podem surpreender até mesmo seus criadores. Por isso a importância
de cultivar uma mentalidade exploratória, aprender por tentativa erro, o
pensamento crítico. À medida que a linha entre a realidade e o artificial se
torna ténue e que as ferramentas de IA por vezes geram resultados imprecisos ou
tendenciosos, precisamos de pessoas que possam analisar criticamente a
informação. Além disso, refletir sobre as implicações mais amplas da IA nos
nossos métodos de resolução de problemas, identidades pessoais e estruturas
sociais é vital à medida que a IA se infiltra cada vez mais nas nossas vidas.
Educação é um encontro essencialmente humano, de
pessoas que se ajudam no processo de ensinar e aprender, com a mediação de
tecnologias cada vez mais poderosas. Com a
riqueza de plataformas e aplicativos disponíveis já poderíamos ter evoluído
muito mais. Se não o fizemos é porque temos – dentro de um sistema socioeconômico
injusto - deficiências organizacionais e pessoais em entender-nos, em conviver
de forma mais aberta e efetiva, em manter a coerência entre o que dizemos e
fazemos.
A escola é um ecossistema fundamental para a
transformação social, mas sempre terá falhas e deficiências, mesmo com
tecnologias tão sofisticadas, porque nós humanos somos seres em construção permanente,
cheios de contradições, vivendo em uma sociedade complicada e desigual.
Algumas referências:
ALAN, Luciana
(Org.). Crescer em rede: inovação e tecnologia com propósito na educação.
São Paulo: Instituto Crescer, 2024. Disponível em: https://institutocrescer.org.br/jet-popup/download-do-livro-crescer-em-rede-inovacao-e-tecnologia-com-proposito-na-educacao/. Acesso em: 13 jun. 2024.
ALVES, L.
(Org.). Inteligência artificial e educação: refletindo sobre os desafios
contemporâneos. Salvador: EDUFBA; Feira de Santana: UEFS Editora, 2023.
FUNDAÇÃO
TELEFÔNICA-VIVO. Curso Inteligência artificial: usos simples e criativos
para transformar a aprendizagem. Disponível em: https://www.escolasconectadas.org.br/inteligencia-artificial-aprendizagem. Acesso em: 22 abril 2024.
HABIB,
Sabrina; VOGEL, Thomas; XIAO, Anli; THORNE, Evelyn. How does generative artificial intelligence impact student creativity? Journal of Creativity, v. 34, n. 1, 2024. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2713374523000316. Acesso em: 10 maio 2024.
HORN, Michael. Artificial Intelligence, Real Anxiety
- How should educators use AI to prepare students for the future. Disponível em: https://www.educationnext.org/artificial-intelligence-real-anxiety-how-should-educators-use-ai-prepare-students-future/. Acesso em: 08 fev. 2024.
KAUFFMAN,
Dora. ChatGPT: inteligência artificial bate à porta da escola. E agora?
Disponível em: https://porvir.org/chatgpt-inteligencia-artificial-bate-a-porta-da-escola-e-agora/. Acesso em: 21 jan 2024.
MENTA,
Eziquiel; BRITO, Glaucia da Silva. O Papel da Inteligência Artificial no
Ensino Tecnológico: Implicações Emergentes. Educitec - Revista de Estudos e
Pesquisas sobre Ensino Tecnológico, Manaus (AM), v. 10, e232524, 2024. ISSN:
2446-774X. DOI: https://doi.org/10.31417/educitec.v10.2325 Acesso em: 13 jun. 2024
PERKINS, Mike; FURZE, Leon; ROE, Jasper; MacVAUGH,
Jason. The AI Assessment Scale (AIAS): A Framework For Ethical Integration
Of Generative AI In Educational Assessment. Journal of University Teaching
& Learning Practice, abr. 2024. DOI: https://doi.org/10.53761/q3azde36. Disponível em:
https://arxiv.org/pdf/2312.07086. Acesso em: 01 junho 2024.
RAMON, Marcos.
Curso “Inteligência Artificial na Educação”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TafjBTSJGMU. Acesso em: 11 jun. 2024.
VICARI, Rosa;
BRACKMANN, Christian; MIZUSAKI, Lucas; LOPES, Daniel; BARONE, Dante; CASTRO,
Henrique. Referencial Curricular: Inteligência Artificial no Ensino Médio.
2022. DOI: <10.13140/RG.2.2.23179.98089>. Disponível em: http://inf.ufrgs.br/ciars. Acesso em: 02 jun. 2024.
[1] Coll, C. (2016). A personalização
da aprendizagem escolar. O quê, o porquê e o como de um desafio inevitável. Em
JM Vilalta (Dr.). Reptes de l'education a Catalunya. Anuário da Educação 2015
(pp. - ---). Barcelona: Fundação Jaume Bofill.
[2] Algumas plataformas interessantes
que utilizam a IA na Educação, além da Khan Academy: Teachy, https://www.teachy.com.br/ SchoolAI https://schoolai.com/. Magic School
- https://www.magicschool.ai/
[4] Khanmigo para professors https://bit.ly/49OdFBy
youtube.com/watch?v=BBO8-Y65eYc&t=600s
O
Khanmigo em português está sendo testado em escolas brasileiras e será
disponibilizado proximamente.
José Moran
Professor, escritor e pesquisador de projetos educacionais inovadores
Autor do blog Educação Transformadora moran.eca.usp.br
Comentários