Uma escola aberta para o mundo

 

Acabo de participar no Congresso de Educação do SESC na Ceilândia, no Distrito Federal sobre o tema “Inovação e tecnologias: somos uma escola para a vida?”.

Destaquei, entre outros, o Celestin Freinet, um educador inspirador que contribui para este tema há cem anos. Ele dava muita importância à aprendizagem por meio da experiência, pois se um projeto criado pelo estudante não desse certo, ele poderia repeti-lo até que funcionasse, com a facilitação do professor, que deveria organizar o trabalho de seus alunos, sem repressão ou uso exagerado de autoridade. A relação acolhedora e aberta entre professor-aluno, é um dos pontos fundamentais do processo do aprender.

A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias. Aprendemos melhor em ambientes acolhedores, abertos e participativos.  A democracia de amanhã se prepara na gestão participativa na escola. Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas.

Algumas estratégias importantes que Freinet desenvolveu para a aprendizagem pela experiência e colaboração: Aulas fora a escola, aulas-passeio, voltadas para os interesses dos estudantes. Eles faziam registros, em fichas, contavam histórias, que eram registradas em fichas, em jornais impressos e nos murais da sala de aula. Freinet incentivava a autoavaliação, com o registro e correção das atividades feitos pelos próprios alunos. Os alunos se comunicavam também com alunos de escolas diferentes. Outra estratégia importante era dividir os alunos em grupos na sala de aula com diferentes propostas de trabalho, onde os alunos possam executar de maneira autônoma, socializando com outros alunos. Cada aluno desenvolvia também o livro da vida, um caderno de registro da caminhada ao longo do ano (seriam os portfólios atuais).

Educadores como ele, Freire, Resnick e outros focam na aprendizagem criativa, personalizada e colaborativa há muitas décadas. Hoje podemos utilizar plataformas e aplicativos digitais para registro, acompanhamento e avaliação, incluindo a autoavaliação.

Freinet propunha uma escola aberta à comunidade e à participação democrática. Um destaque deste congresso foi o compartilhamento pela Profª Wilsa Ramos de programas como Educação 360 da Catalunha, na Espanha, onde há políticas concretas para a integração da escola com os espaços de cada cidade com o apoio dos municípios, universidades e organizações sociais. Recomendo vivamente esse programa, disponível em educacio360.cat como inspiração para encontrar caminhos concretos de inserção e diálogo das escolas, principalmente das públicas, com os espaços e organizações na sua vizinhança. 



Comentários

Foi uma honra poder mediar um debate tão profícuo, instigante e provocador! Obrigado professor Moran!
Prof. Antonio Henrique

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