Aprendizagens e oportunidades na educação pós-pandemia
José Moran - USP
(Texto escrito no começo de 2022 e que esqueci de publicar. Pretendo atualizá-lo logo).
Algumas aprendizagens neste período
As crises
trazem consequências muito diferentes em todos os campos, porque as pessoas
reagem a elas de formas bastante diferentes. Alguns aprendem rapidamente,
experimentam, enxergam novas oportunidades (modificam sua mentalidade mais
profundamente); outros fazem só alguns ajustes, se adaptam para sobreviver, (realizam
mudanças parciais). Um terceiro grupo de pessoas permanece na defensiva, só
enxergando perdas e problemas (e só muda tardiamente e a contragosto).
Percebemos
que podemos replicar a maior parte das atividades da nossa vida em diferentes
plataformas e aplicativos: Comunicar-nos, comprar, ensinar, aprender, trabalhar
remotamente, fazer consultas médicas, tomar decisões colegiadas em diversas
instâncias.
Aprendemos a improvisar, a diversificar, a atender os
diferentes
Aprendemos
competências digitais
Aprendemos a ser mais humanos, a ter empatia conosco e com os demais, a sermos mais acolhedores, a lidar melhor com a ansiedade e dificuldades.
Aprendemos a
ter feedback rápido. A calibrar nossas estratégias, a diversificá-las
Descobrimos
que podemos ensinar em prédios, salas de aula e laboratórios e também em
plataformas digitais, em espaços sociais, profissionais. Abre-se um mundo de
possibilidades. O limite é nossa mente, nosso precário desenvolvimento humano,
nossa dificuldade de entender-nos, de trabalhar juntos, de ouvir os outros,
além da infraestrutura, condições de trabalho e burocracia.
Aprendemos a
tentar chegar a todos, mesmo com as enormes dificuldades e desigualdades
Aprendemos o
valor do encontro, do estarmos juntos de várias formas, de ser mais flexíveis
Aprendemos
que a vida é curta e cheia de surpresas e que não vale a pena perdê-la em
discussões inúteis, em brigas desgastantes,
O
confinamento aguçou nosso olhar para a educação como encontro vivo entre
pessoas – todos os envolvidos - que desenvolvem competências cognitivas,
socioemocionais e éticas. Mostrou a importância da empatia, da resiliência, do
acolhimento, da escuta ativa, do estabelecimento de vínculos, do
compartilhamento de saberes, da flexibilidade para entender que a situação e
necessidades de cada um som diferentes. Muitos perceberam a fragilidade da
vida, a importância do afeto, de valorizar-se, de desenvolver projetos
interessantes, de gostar de aprender e de viver de forma mais simples.
Já sabíamos,
há muito tempo, que a educação precisava mudar. Agora constatamos o tamanho do
desafio que temos pela frente. Percebemos que podemos aprender de múltiplas
formas, em diferentes espaços físicos e digitais, síncronos e assíncronos;
sozinhos, em grupo e com mentoria. Podemos aprender em espaços formais (como
nas escolas) e informais, em redes, comunidades ao longo da vida.
O que está
revelando este período é que a maior parte das escolas vem ensinando de uma
forma inadequada, muito conteudista, dependente do professor, com pouco
envolvimento, participação e criatividade dos estudantes.
Em relação
às arquiteturas didáticas, enquanto alguns só fizeram transposições de aulas
presenciais para ambientes digitais - focadas mais na fala do professor -
muitos outros aprenderam a combinar dinâmicas diferentes: aulas gravadas, ao
vivo, com dinâmicas individuais e outras bem participativas, que antes não lhes
eram familiares no digital (trabalho em grupos simultâneos, desenvolvimento de
projetos, metodologias ágeis) com apresentação e discussão de resultados e
novas sínteses.
Muitos
estudantes se perguntam agora, por que precisam ir todos os dias a uma sala de
aula para ouvir um professor, gastando tanto tempo se podem fazer as mesmas
atividades online. Muitos docentes também se fazem perguntas semelhantes:
Precisamos estar fisicamente juntos para aprender e quando é mais vantajoso
fazê-lo de um jeito ou de outro? Os gestores, diante do empobrecimento da
população e da acirrada concorrência, também se perguntam: numa época de
empobrecimento, como trazer uma educação moderna, ágil, com custos menores sem
diminuir a qualidade?
Algumas
aprendizagens mais específicas: Pessoas, escolas e universidades foram
desafiadas a adaptar-se rapidamente, a planejar de forma rápida, mais
compartilhada, com experimentação e avaliação contínuas dos processos. Isso
trouxe uma aceleração do domínio de competências digitais e de plataformas e
aplicativos para ensinar e aprender, grande compartilhamento de práticas e de
descoberta, novas formas de comunicação e de avaliação. Cada instituição ou
sistema, privado e público, procurou, dentro da sua realidade, encontrar o
caminho que lhe pareceu mais adequado. O ineditismo do confinamento tão longo,
causou intenso estresse em todos, mas permitiu experimentar diversas soluções
para a comunicação frequente com alunos e famílias, manter da melhor forma a
dinâmica do ensino e aprendizagem.
Confirmamos que as aulas têm que ser experiências
desafiadoras, surpreendentes, ricas de questões vinculadas com a vida e de
aplicações seja no presencial ou no online, com professores inspiradores e com
intenso envolvimento dos estudantes. O contato com cada professor tem que
trazer a riqueza da vida, o encontro de personalidades que se completam. O
docente precisa ser um grande provocador, interlocutor, orientador de pesquisa
e caminhos, de abertura de novas trilhas e desafios.
Constatamos
também alguns avanços no domínio das metodologias ativas no online, trabalhos
por projetos, por design thinking, jogos, times, no meio de muitas escolas que
simplesmente transpuseram modelos presenciais para o online, gerando bastante
desinteresse.
Ficou bem
escancarada a tremenda desigualdade social: infraestrutura, condições de
acesso, condições de estudo, econômicas, emocionais e a engenhosidade de muitas
escolas, universidades, prefeituras e estados para oferecer alternativas para a
maioria.
Os modelos
curriculares uniformes, de sequência linear não fazem o menor sentido numa
sociedade com amplo acesso às informações, às redes sociais e comunidades e em
que cada pessoa precisa resolver problemas complexos de forma rápida e
eficiente.
O movimento de transformação da
Educação
Estamos
participando, muito antes da pandemia, de um movimento de transformação profunda da Educação, que acontece de
formas diferentes e em ritmos diferentes. Três componentes (entre outros)
contribuem decisivamente para essa transformação: metodologias ativas, modelos híbridos/flexíveis
e competências digitais. As metodologias ativas dão ênfase ao papel
protagonista do aluno, ao seu envolvimento direto, participativo e reflexivo em
todas as etapas do processo de aprendizagem, experimentando, desenhando,
criando, com orientação do professor; os modelos híbridos/flexíveis combinam o melhor da presença física e da
presença digital; destacam a flexibilidade, a mistura e o compartilhamento de
espaços e tempos presenciais com todas as possibilidades de personalização,
pesquisa e compartilhamento trazidas pelas plataformas e aplicativos digitais.
O desenvolvimento de competências cognitivas,
socioemocionais é cada vez mais enfatizado, e especificamente saber transitar
na cultura digital, ter domínio de aplicativos e linguagens que ampliem as
possibilidades de aprender em diferentes, espaços, tempos e de múltiplas
formas. Metodologias ativas e modelos
híbridos se integram com as tecnologias e mídias digitais, ampliando a
mobilidade, ubiquidade, flexibilidade, personalização, compartilhamento,
criatividade, realidade virtual e aumentada, plataformas adaptativas - o que
favorece inúmeras possibilidades de combinações, arranjos, itinerários,
atividades e a transformação da cidade em uma plataforma rica de aprendizagens.
Metodologias
ativas em contextos flexíveis se expressam nos conceitos maker (explorar o mundo de forma criativo-reflexiva, utilizando
todos os recursos possíveis), designer (desenhar
soluções, caminhos, itinerários, atividades que ajudem os estudantes a aprender
de forma mais rica e abrangente) e empreendedor
(testar ideias com protótipos que permitam rápidas adaptações para corrigir
erros e aprender a melhor forma de realizá-las).
Metodologias
ativas e modelos flexíveis permitem combinar e integrar de forma equilibrada a personalização – em que cada estudante
percorre e escolhe seu caminho, ao menos parcialmente e avança no seu ritmo -; a aprendizagem ativa em grupo – através
de projetos, problemas, desafios, debates, aprendizagem por times, instrução
por pares, jogos, narrativas em momentos presenciais e online e a aprendizagem por tutoria/mentoria, em
que a ação docente é mais direta, problematizando, orientando, avaliando e
projetando. As plataformas digitais caminham para adaptar-se mais às diversas
necessidades dos estudantes e tornam visíveis para todos – estudantes e
docentes - os diversos percursos e ritmos, os avanços e dificuldades de cada
um, o que contribui para que os professores possam planejar melhor as
atividades em sala e desenvolver melhor seu papel tutorial, de orientação.
Importância e limites do digital
O digital permite tanto a transmissão como a
experimentação, com algumas adaptações. O problema não está em aprendermos ou
não em plataformas e aplicativos digitais; está na falta de autonomia na
formação de cada estudante, no domínio deficiente das competências básicas (saber
pesquisar, analisar, avaliar...) e também na gestão paternalística das aulas,
da forma de ensinar: Tudo é dado pronto, como receita fechada, prato feito, com
pouca autonomia, participação e envolvimento dos aprendizes.
Escolas e
universidades que estimulam o protagonismo do aluno, que trabalham com desafios
se adaptaram rapidamente ao online, incentivando o aluno-pesquisador, a
personalização, atividades em grupo. Mas professores que privilegiam a
transmissão de conteúdo, tornam o processo cansativo, insuportável e pouco
produtivo para todos. O problema não
está no online, está em privilegiar a transmissão de informações longas, quando
é possível combinar informações curtas, atraentes com desafios, projetos, criatividade. Escolas e docentes que vinham trabalhando com
desafios, experimentação e projetos no presencial tem encontrado plataformas e
aplicativos digitais que combinam os itinerários pessoais (com flexibilidade de
tempos e escolhas), as atividades diversificadas em grupo e as de compartilhamento
síncrono entre todos.
Este período
longo de ida forçada para o digital revelou que podemos aprender e ensinar de
forma muito ativa, diversificada, personalizada, misturada. As crianças precisam conviver juntas, com
tutoria próxima. Mas quem já tem um domínio básico da língua, da escrita, da
linguagem dos números e computacional pode aprender com um design curricular
mais flexível, personalizado, que equilibre as diversas formas de presença
física e digital; espaços, tempos e
múltiplas formas de aprender e de avaliação para desenvolver as competências
necessárias hoje como autonomia, colaboração, resiliência e criatividade.
Cresceu a
Importância dos modelos híbridos, da aula invertida com materiais
interessantes, em que cada aluno estuda em tempos diferentes, depois realiza
desafios individuais e em grupo de aplicação mais imediata, utilizando diversas
plataformas digitais, com momentos offline combinados com outros online para
apresentação, discussão online e formas mais imediatas de avaliação. Infelizmente
muitos aprenderam a utilização mais simplista e tradicional da aula invertida:
Muito conteúdo e atividades pouco desafiadoras nos momentos online.
Encontramos
também problemas no online. Os laboratórios virtuais 3-D e com realidade
aumentada trazem soluções muito poderosas para simulação, imersão, aprendizagem
compartilhada a distância, a um custo baixo, mas que precisam ser
complementadas com experimentações de campo, com contato físico em muitos
campos profissionais para uma efetiva calibração do desenvolvimento de cada
um. Não basta realizar somente
exercícios em simuladores de voos; o estudante precisa também de voos reais com
instrutores.
Este período
escancarou também a extrema desigualdade de acesso ao digital e de condições de
estudo e pesquisa na maioria das residências. Reforçou a necessidade de termos
uma política pública que agilize a infraestrutura digital nas escolas, a
formação docente em competências digitais e que o acesso individual e familiar
à Internet seja considerado um direito fundamental do século XXI como ter água,
esgoto e energia. Ensinar e aprender hoje sem o digital é privar os estudantes
de oportunidades ricas para vivenciar dimensões importantes para sua vida
pessoal, profissional e social.
É urgente
agora o compartilhamento e análise de como integrar todos os ambientes,
estratégias de ensino e aprendizagem de forma otimizada em cada etapa da
aprendizagem e de acordo com as necessidades de cada um, de cada escola,
região. O digital não é uma panaceia, mas um componente fundamental da vida
moderna, que afeta todas as dimensões da nossa existência (trabalho remoto,
compras online, inserção em redes e comunidades de interesse e de práticas...).
A partir de
agora os modelos híbridos se tornarão muito mais fortes, com maior integração
entre a presença física e a digital, momentos síncronos e assíncronos.
Precisamos ampliar a discussão e divulgação das formas de visibilizar a
aprendizagem também nos espaços digitais, com as possibilidades que as
plataformas oferecem - principalmente os e-portfólios- de registro,
compartilhamento, observação da avaliação de cada estudante, avaliação entre
pares e autoavaliação. A inteligência artificial começa a contribuir para
conhecer as características de como cada estudante aprende, ajudar no desenho
de itinerários formativos e sugerir alternativas personalizadas
São muitos
os desafios na educação, em ambientes presenciais e digitais, num cenário tão
complexo e carregado de incertezas. É
prioritário dar ênfase e vivenciar valores humanos fundamentais. Educadores, gestores, estudantes e famílias
precisam insistir em construir relações inclusivas, de afeto, de conhecimento,
abertas ao diálogo, a partir de questões reais, de experimentação, pesquisa, de
projetos socialmente relevantes onde os estudantes sejam protagonistas e
utilizem todos os meios e tecnologias possíveis.
Temos que
rever o currículo neste período, com maior autonomia docente e intenso
compartilhamento de experiências, dificuldades, formas de engajar os estudantes
através das diversas plataformas e aplicativos digitais, mas também da
criatividade em chegar aos mais carentes com roteiros ativos e criativos
impressos, sonoros e audiovisuais adequados para cada necessidade.
Num
horizonte de crises em todos os campos, que tendem a se agravar, é de capital
importância que educadores e gestores sejam os impulsionadores da esperança, de
valores humanos, de caminhos que inspirem projetos relevantes. Todo o conteúdo
precisa ser relevante, ligado à vida, trabalhado em relação estreita com
atividades criativas e empreendedoras. Vai ficando cada vez mais evidente que
podemos aprender de múltiplas formas, em todos os espaços e em tempos
diferentes.
A escola
a partir de agora: lições aprendidas.
A partir de
agora, podemos tornar nossas escolas muito interessantes, criativas,
empreendedoras, humanas (depende de nós). Podemos encantar, abrir a escola para
o mundo, escutar mais ativamente os estudantes, utilizar todas as estratégias
para que eles aprendam.
Os
estudantes podem aprender sozinhos, em grupo, em turmas grandes, de forma
síncrona e assíncrona, por tutoria e mentoria, em espaços formais e informais.
Uma parte do
processo é deles, depende deles, precisam de motivação, de confiança e
perseverança.
É importante partir de onde os estudantes estão, do que eles valorizam
para ampliar seu repertório, que descubram novas narrativas, perspectivas com
experiência criativas e desafiadoras.
Hoje precisamos de um olhar um pouco mais atento aos estudantes, de
escuta ativa; perguntar mais, não só pressupor. O planejamento pode ser mais
aberto, compartilhado e modificado durante todo o percurso.
Educação em espaços flexíveis significa que podemos redesenhar todas as
possibilidades do aprender incorporando as trilhas individuais que cada aluno possa
realmente desenvolver cada vez com mais autonomia no presencial e no digital
também as diversas formas de aprendizagem em grupo, entre pares através de
projetos, jogos de forma síncrona e assíncrona com apoio de plataformas e
aplicativos digitais, mediação docente e o apoio de tutores e mentores.
Algumas mudanças mais previsíveis
Período
forte de ajustes em todos os campos pelo empobrecimento de boa parte da
população, pelas graves tensões políticas, pela necessidade de baixar custos,
de oferecer um serviço educacional que faça sentido para os diversos tipos de
estudantes, buscar novas receitas, oferecendo novos serviços.
Modelos de
gestão e acadêmicos mais enxutos, personalizados, economia de escala,
incorporação ampla do digital. Mudanças na forma de ensinar. Muitas ofertas e
oportunidades de aprender: nano cursos, certificações diferenciadas,
plataformas adaptativas com inteligência artificial (que podem auxiliar
enormemente na personalização da aprendizagem).
Vantagens
das Instituições que avançaram na gestão, currículos mais integrados,
personalizados e flexíveis e fortemente digitais, focados em competências.
Haverá um intenso crescimento de modelos ativos híbridos (entendo as muitas
possibilidades e dimensões desse conceito). Assim como todos os setores
econômicos estão oferecendo serviços mais integrados, também o setor
educacional oferecerá propostas muito mais flexíveis, personalizadas e abertas.
Uma boa parte das instituições será empurrada para o híbrido por necessidade de
cortar custos e de enfrentar uma concorrência acirrada, mas o fará de forma
simplista: focando mais em conteúdo do que em desafios; e manterão os docentes
mais baratos e que realizem atividades mais convencionais.
Crianças pequenas continuarão precisando de
muito acompanhamento e interação presenciais. Já os demais estudantes
encontrarão muito mais significado em currículos mais personalizados (trilhas
diferenciadas), desafios e projetos engajadores, alternar tempos pessoais,
experiências em grupo e alguns espaços para mentoria.
Escolas e
universidades farão essas transformações em ritmos diferentes. Haverá novas
parcerias para diluição de custos, enfrentar a concorrência, seguirá onda de
fusões. Haverá num um enxugamento de cargos administrativos e docentes no curto
prazo. As instituições mais sérias manterão os melhores docentes; as mais
comerciais trocarão os docentes mais experientes por docentes com pouca
experiência e baixos salários. Haverá um crescimento de parcerias entre
instituições, de diferentes formas de colaboração, de atuação em redes mais
ativas, assim como aumentarão as fusões para evitar a quebra de instituições
menores.
Como a
Educação é o setor mais estratégico para a transformação de qualquer país e ela
se estende ao longo da vida de todas as pessoas, haverá cada vez mais
oportunidades para profissionais, organizações de explorar novos mercados,
desenvolver propostas adequadas para as necessidades de cada um, de cada
organização, realizar múltiplas parcerias com todos os setores econômicos e
sociais.
O grande
problema de fundo do país é a desigualdade brutal e a diferença de
oportunidades reais transformadoras para a maioria da população. Corremos
seriamente o risco de continuar aprofundando o fosso entre instituições que
interessantes – mesmo com modelos diferentes – e muitas outras que vão ficando
para trás, com muita dificuldade de sair da transmissão de conteúdo, exercícios
e provas com consequências devastadoras para o futuro desses jovens e do país.
As
transformações que virão serão fortes, mas com consequências muito diferentes
para os diferentes grupos. Uns sairão fortalecidos, com mais ideias para pôr em
prática novas competências, visões, oportunidades. A maioria vai fazer ajustes,
incorporar algumas práticas digitais, e terão que avançar mais rapidamente
forçados pelas circunstâncias de empobrecimento, pela atratividade das
propostas dos novos concorrentes. Um terceiro grupo resistirá o máximo que
puder, tentando implementar mudanças mais cosméticas, de marketing, sem mexer
no modelo convencional, porque isso atende a uma parte da sociedade que é
bastante conservadora.
Há condições estruturais que dificultam a mudança e que são essenciais
para uma transformação mais consistente, sistemática na educação do país:
políticas públicas coerentes, integradas e com visão de longo prazo; docentes e
gestores mais valorizados, capacitados, criativos, empreendedores e humanos
(entre tantos outros fatores). Podemos avançar mais aceleradamente no redesenho de projetos educacionais
que sejam flexíveis, de qualidade, de custo menor e de resultados mais rápidos
e ágeis. As escolas (básicas e superiores) precisam trabalhar em dois planos, o
de curto e o de médio prazo. Há mudanças que são mais facilmente implementáveis
em um ou dois anos, enquanto outras precisam ser cuidadosamente preparadas para
serem bem-sucedidas, evitando possíveis retrocessos e reviravoltas. Ao mesmo
tempo que fazemos as mudanças possíveis agora, neste período de transição, é
importante definir um projeto estratégico de transformação no médio prazo das
escolas para que realmente sejam modernas, atraentes, envolvente e relevantes
nos próximos anos.
Precisamos
avançar rapidamente no redesenho de projetos educacionais que sejam flexíveis,
de qualidade, de custo menor e de resultados mais rápidos e ágeis. Ao mesmo
tempo que fazemos as mudanças possíveis agora, neste período de transição, é
importante definir um projeto estratégico de transformação no médio prazo das
escolas e instituições de ensino superior para que realmente sejam modernas, atraentes,
envolvente e relevantes nos próximos anos.
Consequências para o design de novos
modelos híbridos inovadores e relevantes
●
No meio
da crise, de recortes, desenhar modelos interessantes, relevantes, sem aumentar
custos. Aceleração no movimento de transformação da forma de ensinar e de
aprender, de modelos híbridos flexíveis com metodologias ativas, tecnologias
digitais, em valores e competências. Modelos que equilibrem a aprendizagem
personalizada (tempos e escolhas com maior autonomia), a aprendizagem por pares
por projetos e a aprendizagem por tutoria/mentoria.
●
Ênfase
em projetos mais reais – contato com realidades diferentes, que solucionem
problemas reais, que tragam desafios de conviver com realidades diferentes.
Projetos com outras crianças de diferentes escolas e classes sociais. Projetos institucionais com comunidades,
escolas públicas. Abrir-se para o mundo.
●
As transformações acontecem em três níveis
interdependentes: no nível pedagógico, no gerencial e no estratégico. Transformar
a aula, o processo de ensino e aprendizagem, mudar a mentalidade das equipes e
pessoas, a estrutura, a cultura, os espaços, a avaliação até transformar a
escola como um todo.
● Integração maior da escola com os pais e com a
comunidade. Educá-los para esta nova
visão da Escola. Abrir os canais de participação, também os digitais. Caminhar
para a transformação da escola em uma comunidade de aprendizagem.
Para saber mais
●
ADELL
SEGURA, J.; CASTAÑEDA QUINTERO, L.; ESTEVE MON, F. ¿Hacia la Ubersidad?
Conflictos y contradicciones de la universidad digital. RIED. Revista
Iberoamericana de Educación a Distancia, [S. l.], v. 21, n. 2,
p. 51–68, 2018. DOI: 10.5944/ried.21.2.20669. Disponível em: http://revistas.uned.es/index.php/ried/article/view/20669.
●
BACICH, L & MORAN, J. Educação
híbrida: reflexões para a educação pós-pandemia. FGV-EBAPE Políticas Públicas
Educacionais -Número 14 - abril de 2021. Disponível em: https://ceipe.fgv.br/sites/ceipe.fgv.br/files/artigos/ceipe_politicas_educacionais_em_acao_14_educacao_hibrida.pdf
●
FARNOS, Juan Domingo – O que estamos esperando para
nos "educarmos" como a sociedade deseja? Como essa transformação
vai acontecer? - https://www.linkedin.com/pulse/que-esperamos-educarnos-como-la-sociedad-quiere-c%C3%B3mo-se-juan-farnos-1e/
●
MIHAI,
Alexandra. Let's talk about partnerships in Higher Education. Blog The
Educationalist. https://educationalist.substack.com/p/lets-talk-about-partnerships-in-higher
● REIS, Fabio - Para sobreviver com
qualidade, faculdades precisam consolidar cultura empreendedora. Como fazer
isso? - https://revistaensinosuperior.com.br/cultura-empreendedora/
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