Focar mais os valores na educação
Avançamos mais lentamente na educação do que em outras áreas da nossa sociedade.
A maior parte das instituições na educação presencial e a distância, apesar de algumas melhorias, prefere repetir do que arriscar. Os currículos
são excessivamente rígidos e reducionistas, com disciplinas isoladas e baixa interação.
O foco ainda se mantém na transmissão de informações, em preparar os alunos
para o vestibular ou para uma profissão, sem a preocupação com a formação
integral deles como pessoas, com uma discussão ampla sobre valores, atitudes e
comportamentos.
Na educação “a” distância este problema é
mais gritante. Como a produção costuma ser mais em equipe, o especialista
prepara os materiais sobre os temas do curso, e outros profissionais adéquam
esses temas a um padrão de leitura e acessibilidade; depois tutores orientam os
alunos nas dúvidas e os alunos são avaliados sobre o conteúdo transmitido. Como
o processo costuma ser mais impessoal, a avaliação é mais centrada em respostas certas e
em conteúdos determinados. Com isso, deixam-se de lado as dimensões mais
abrangentes da formação como a investigativa, a afetiva, a ética e a comunicacional.
Predomina ainda a pedagogia baseada em certezas. Quando
damos tudo pronto, mostrando a resposta correta, contribuímos para falsear a
relação dos alunos com o conhecimento. Quando escrevemos tudo com clareza e
objetividade, mascaramos o processo de compreensão do mundo e de nós mesmos,
que é penoso, ambíguo e mutável. Por isso, na pedagogia, não podemos destacar
só o que é certo, mas criar situações de desafio, que possibilitem validar mais de um caminho e mais de uma
escolha. Quando privilegiamos o conhecimento intelectual e focamos mais a
certeza do que a incerteza, não preparamos os alunos para a vida.
A educação "a" distância (prefiro, sem distância) é uma modalidade de educação e tem
que assegurar que o aluno receba uma
formação ampla, atual e integral como em qualquer outro tipo de oferta
educativa. Os projetos pedagógicos mais
avançados focam mais a formação ampla do
aluno, a relação teoria e prática, o aprender por desafios ou competências e a avaliação
formativa.
Existem cursos presenciais e a
distância em que os alunos trabalham com desafios de aprendizagem individualmente ou em
pequenos grupos. Esses desafios partem de situações reais, de problemas, de projetos
e são realizados em etapas, que unem pesquisa e colaboração. Os alunos fazem
pesquisas concretas, entrevistas e análises adaptadas à realidade em que vivem
e trabalham e propõem soluções ou alternativas possíveis. A colaboração acontece em alguns momentos de
forma presencial, mas a maior parte do tempo se faz na Internet por ferramentas
de comunicação como chat, fórum ou webconferência. Ela é importante para confrontar visões
diferentes, aumentar a consciência crítica, equilibrando o percurso individual e
o grupal.
A educação (presencial e a distância) pode contribuir para a formação de
cidadãos, preparando-os para o mundo do trabalho - que é uma dimensão
importante- mas principalmente para uma vida mais plena. Precisamos de
educadores humanistas na educação on-line, que vivenciem e expressem práticas vivas de interação virtual e presencial, ouvindo,
acolhendo, mediando debates, estimulando a participação efetiva e ativa de
todos, gerenciando os ritmos diferentes individuais e dos grupos. O educador
que mantém uma atitude acolhedora no dia a dia encontra a forma de acolher na
comunicação on-line, na mediação de um chat, na gestão de um fórum, nas sessões
de apresentação de pesquisas, projetos e atividades por webconferência. Na
educação ainda podemos evoluir muito no desenvolvimento de
situações ricas de interação, no incentivo à pesquisa individual e em grupo, na
avaliação formativa ao longo do curso, no estabelecimento de vínculos, na
discussão aberta de valores importantes para a sociedade.
Ensinamos e aprendemos
mais e melhor – em qualquer modalidade- quando
o fazemos num clima de confiança, de incentivo, de apoio, dentro de limites
claros e negociados. Para isso precisamos de pessoas curiosas, motivadas,
afetivas e éticas, que gostem de aprender
e de praticar o que aprendem, suficientemente evoluídas para transmitir
confiança, acolhimento e competência com sua presença, fala, gestos e ações no
contato presencial e online.
Comentários
Também concordo com a Helaine, ainda temos muito que percorrer na educação presencial que dirá na educação a distância.
Abraços Antonio
Grande abraço
Moran