Caminhar na incerteza, com escolhas mais interessantes

Na vida caminhamos realizando seguidas decisões, escolhas ou omissões (deixando tudo como está). Como a maior parte das decisões é feita de forma automática ou repetitiva, esquecemos quantas outras opções, se assumidas, poderiam mudar profundamente aquilo que hoje somos. 

A maior parte das escolhas definem um estilo e confirmam a mesma direção. e procuramos uma vida calma e sossegada faremos escolhas que não nos perturbem, que nos deixem mais leves, que não nos estressem. Se, pelo contrário, procuramos novidades, sair da rotina, viver no limite, no agito, faremos escolhas cheias de adrenalina, novidades, surpresas, desafios. Não se trata de avaliar o que é melhor de fora. Cada pessoa, com sua história, genética e circunstâncias, vai definindo o estilo de vida que acredita ser o melhor para ela. 

Cada escolha nos abre mundos e nos fecha outros.  Na vida afetiva, encontramos pessoas interessantes que poderiam levar-nos a vivências e situações muito diferentes das que mantemos habitualmente. A dúvida que sempre fica é: o que é melhor, arriscar ou manter, permanecer ou mudar?  Há ganhos e perdas em qualquer uma das decisões e nenhuma garantia de realização plena. 

Se nos sentimos atraídos por alguém e vamos enfrente, essa decisão terá conseqüências: poderemos viver um tórrido romance, uma paixão fulminante, mas comprometer uma relação mais estável, descuidar compromissos profissionais ou ter uma profunda decepção depois da empolgação inicial.  Se nos sentimos atraídos e deixamos passar a oportunidade, sempre ficará a dúvida do que poderia ter acontecido, de que guinada poderia ter dado nossa vida, principalmente se o relacionamento atual se encontra em uma fase morna, pouco estimulante.

Se somos muito atrevidos poderemos ganhar muito e perder muito também. Se somos muito retraídos, se arriscamos pouco, deixaremos passar inúmeras oportunidades de crescer, de relacionar-nos, de aprender, em troca de uma vida mais sossegada.

Na vida profissional com freqüência encontramos novas oportunidades, desafios. E aí também uns optam pelo desafio e outros pela segurança. Ambas têm suas vantagens e desvantagens, ganhos e perdas. Não há garantia em nenhuma das escolhas, mas sempre fica a dúvida de se fizemos as melhores. Às vezes só percebemos a longo prazo as consequências de uma decisão precipitada ou de não ter arriscado, quando perdemos tempo, realização, pessoas, dinheiro; quando constatamos que ficamos para trás, que outros evoluíram mais rápido; mas principalmente quando nos sentimos sufocados, diminuídos, infelizes.

Se queremos ganhar muito dinheiro, não mediremos esforços para chegar lá; mudaremos de emprego se nos oferecem um salário maior, deixaremos de conviver mais com a família diante de uma oferta tentadora, poderemos entrar em esquemas que facilitem a corrupção, o caminho mais fácil para o enriquecimento. Uma vez escolhido o caminho da corrupção, será difícil voltar atrás; aceitaremos mais e mais favores e propinas, com desculpas e justificativas cada vez mais irracionais. Se escolhemos viver com honestidade, assumiremos conseqüências também. Veremos  outros serem mais favorecidos ao nosso lado, enriquecerem mais de pressa, terem mais poder. Muitas escolhas seduzem mais de imediato, mostram ganhos mais palpáveis, são mais atrativas do que manter uma postura ética.


Hoje é muito fácil deslumbrar-se com aparecer, ser vistos,  ser reconhecidos. Quem faz essas escolhas, pode conseguir resultados quase imediatos, mensuráveis. Podemos contabilizar quantos amigos temos no Facebook, quantos seguidores no Twitter, quantas vezes somos citados, apoiados, publicados. Esse fascínio pode levar a uma obsessão patológica, a querer mais e mais, a forçar a barra e prejudicar outras pessoas.

É muito difícil fazer opções coerentes, equilibradas, amadurecidas. Há uma pressão social por resultados fáceis, pelo sucesso visível, pela ostentação deslumbrada,  que desvaloriza quem vai na contramão, quem segue um estilo de vida num ritmo mais lento, sereno. Muitos o julgarão uma pessoa pouco batalhadora, acomodada e pouco empreendedora.

Há muitos caminhos possíveis, mas costumamos repetir a maior parte das escolhas;  tendemos a fechar-nos nos mesmos lugares, com pessoas semelhantes, com atividades previsíveis. Facilita a rotina, a gestão do cotidiano, mas também traz previsibilidade e desgaste.

Apesar da genética, das circunstâncias e do passado, sempre podemos rever uma parte das nossas escolhas e dar alguns saltos, fazer algumas mudanças. Cada pequena nova escolha poderá ajudar-nos a dar novos passos, mais largos, em direção a uma realização maior pessoal, profissional e social.

Comentários

Professor, a cada texto que leio parece que o Sr. estava vivenciando as mesmas experiências que eu, quando o escreveu. É impressionante tamanha sensibilidade.
As escolhas nos põem em conflito, para que optemos pelo melhor ao nosso favor. Mas o desafio está justamente ai: não sabemos se o melhor que escolhemos será mesmo o que nos fará mais felizes.
Eu vivo pensando sobre isso, e como creio em Deus o pedido de Discernimento está presente em todas as minhas orações.
Mas às vezes a gente quebra a cara na vida, mesmo! Principalmente quando se trata de amor, paixão, essas coisas... a gente entra de cabeça, muitas vezes guiados pelo coração,sem medir consequências. Quer viver o momento, isto é, se for correspondido né, porque senão, nada feto! É só expectativa, dor e tentativa de superação.
Escolher até o fim, faz parte da nossa história. Quem é que vai nos dizer se estamos certos? A voz da experiência? Algumas vezes, talvez.

Grande abraço.
Mara Rúbia. ;)

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