Menos tutela e mais educação autônoma

Muitas pessoas não conseguem pensar e agir por si mesmas. Dependem das opiniões alheias; estão atreladas emocionalmente a figuras paternalistas familiares, religiosas, midiáticas ou políticas. Quanto mais paternalismo nas relações sociais, quanto mais tutela necessitamos, menos aprendemos a ser livres, a evoluir como pessoas e como sociedade.

A educação integral e de qualidade é um caminho fundamental para conseguir crescer, evoluir, libertar-nos das injunções da infância, da dependência de modelos herdados, da necessidade de tutela permanente. A educação de qualidade nos fornece instrumentos para tomar nossas decisões, para fazer melhores escolhas, para não sermos manipulados por outras pessoas, por mais importantes que tenham sido na nossa vida.

Não podemos contentar-nos em preparar pessoas para o mercado de trabalho, mas para a vida, para serem melhores cidadãos e realizar-se em todas as dimensões. Quando vemos muitas pessoas que passaram pela escola e se transformaram em adultos medrosos, com dificuldade de pensar por si mesmas, constatamos que algo falhou no processo. São muitas as pessoas que não conseguem compreender além das aparências, que têm opiniões fundamentadas, que desenvolvem visões interessantes de mundo, que conseguem mostrar uma trajetória de vida rica e estimulante.

Nossa educação familiar e escolar será importante quando produza resultados, mais perceptíveis socialmente; quando transforme filhos e alunos em pessoas mais abertas, autônomas e realizadas, em cada etapa das suas vidas, quando não necessitemos de tantas "autoridades" nos guiando, aconselhando e decidindo tudo por nós.

Comentários

Anônimo disse…
Sem dúvida Prof. Moran. A educação passa pela libertação e libertar-se é deixar de dizer o outro mas marcar sua própria história com criticidade e autonomia. É deixar que cada minuto de vida seja marcado não por momentos e fatos grandiosos, mas pessoais! É importante viver tendo a certeza íntima de tudo que se faz. Algo que dá trabalho, prazer e que, às vezes, traz consequencias. Porém acredito que isso seja viver, expor suas ideias e "trocá-las" com outros para que possamos afirmar algumas coisas a nós mesmo e muitas vezes, duvidar daquilo que acreditamos. Afinal, a vida é um processo de dúvidas e certezas, só não sabemos em qual destas estamos!
Curiosos... disse…
Olá Prof. Moran!
Admiro muito seus textos.Outro dia li o texto "Educar o educador" para fazer um trabalho na faculdade.Gostei tanto que postei minhas reflexões no blog que eu escrevo www.fbeducacao.blogspot.com

É um prazer enorme poder aprender com você!
Niuza Eugênia disse…
Como vai Professor Moran?
Aqui é a sua "quase discípula" rs , profa. de Francês que conheceu em BH, no NAP lembra?? Mandei um e-mail na ocasião mas não tive resposta, e hoje entrando na sua página é que descobri seu blog.Gostaria que visitasse meus blogs e deixasse um pequeno comentário Professor.Eu vou ficar tão vaidosa se o fizer!!=))
Para mim o Senhor é a maior referência em Educação e Tecnologia.Lá no nosso encontro deixei isso bem claro não é? O email que enviei fala sobre a possibilidade de escrever um artigo em parceria com o senhor.É possível? Me oriente caso seja ok.Aguardo sua visita e comentário

Um forte abraço
Niuza Eugênia

http://auladefrances-bh.blogspot.com

http://infoprofe2010.blogspot.com
Olá professor Moran

Sou professora universitária, atuo no ensino presencial e a distância. Este semestre as acadêmicas do curso de Pedagogia da Faculdade Cidade de João Pinheiro FCJP-MG, farão um trabalho de visita, leitura e postagem de comentários no seu blog. Quero que ela conheçam o seu trabalho e aprendam um pouco mais sobre a Educação à Distância. Desde agradeço. Um forte abraço! Profª. Alessandra Coimbra
Acredito que quando uma pessoa é direcionável, realmente há algo de errado. Há pessoas que nasceram para mandar e outras para serem mandadas. A subserviência pressupõe, não fragilidade, e sim, covardia. Numa visão capitalista, o homem tem a identificação de produção em série, ou seja, agir e não pensar. Marxismos à parte, coaduno com Pessoa, quando diz que:
"A maioria pensa com a sensibilidade, eu sinto com o pensamento. Para o homem vulgar, sentir é viver e pensar é saber viver. Para mim, pensar é viver e sentir não é mais que o alimento de pensar."
Portanto, simples assim, alimentar o pensamento. Desta feita, posicionar-se frente ao mundo, à sociedade, à vida, quer seja nos erros ou acertos, mas tornar-se dono do seu pensar!
Unknown disse…
Sempre associei a expressão "em idade escolar" ao serviço militar, similares na obrigatoriedade, feito pontes que permitem superar obstáculos para alcançar o outro lado. A educação, acredito, é algo contínuo, que deveria atender a necessidades interiores e pessoais de aperfeiçoamento e assim, prover de autonomia cada indivíduo. Mais do que um processo de empilhamento de conhecimento, como insistem em tratar a educação os sistemas oficiais, aproxima-se muito mais da lógica orgânica, em que as necessidades nutricionais ou as carências condicionam a forma de crescimento.
Realmente Prof. Moran, concordo plenamente com suas palavras, uma educação integral é aquela que prepara o indivíduo para a vida. Acredito que a aprendizagem acontece de forma livre, em que cada um, a seu tempo, constrói o seu caminho de conhecimento, sem imposições ou manipulações dos supostos “detentores do saber”. O papel da família e da escola é fornecer instrumentos para a construção autônoma do conhecimento e para o desenvolvimento do nossa capacidade de fazer escolhas. Um abraço!
Boa tarde Prof. Moran,
Sou professora e aluna EAD da Universidade Uniderp/Polo Unicint/Cuiabá/MT.Uma leitora apaixonada pelos seus textos e suas aulas na pós graduação .Eles São inspiradores, nos faz acreditar cada vez mais, que a Educação é o caminho para a libertação de uma sociedade.
Um forte abraço

Postagens mais visitadas deste blog

A Internet na nossa vida

O papel das metodologias na transformação da Escola

Educação híbrida: um conceito chave para a educação, hoje José Moran